Nematoides na Cultura da Soja: Identificação, Danos e Manejo
Os nematoides são organismos microscópicos que parasitam raízes, causando sérios prejuízos na cultura da soja. No Brasil, as espécies mais prejudiciais incluem o nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.), o nematoide-de-cisto (Heterodera glycines), o nematoide-das-lesões (Pratylenchus brachyurus) e o nematoide-reniforme (Rotylenchulus reniformis). Sua presença representa um desafio significativo para a produtividade agrícola, demandando estratégias de manejo integrado para mitigar os impactos.
Impactos dos Nematoides na Cultura da Soja
Os nematoides comprometem o crescimento das plantas ao reduzir a eficiência na absorção de água e nutrientes. Entre os prejuízos diretos estão:
- Desenvolvimento reduzido do sistema radicular.
- Menor crescimento vegetativo e clorose das folhas.
- Redução no número e tamanho das vagens.
Além disso, os danos indiretos incluem maior suscetibilidade a doenças e estresses ambientais, agravando ainda mais a perda de produtividade.
Danos e Perdas na Lavoura
A magnitude dos danos depende da densidade populacional e da suscetibilidade da cultivar. Em condições de infestação severa, as perdas podem ultrapassar 50%, tornando o manejo uma prioridade para a sustentabilidade da cultura.
Identificação e Diagnóstico
Os sintomas variam conforme a espécie, mas incluem:
- Nematoide-das-galhas: Presença de galhas nas raízes, com plantas menores e amareladas. Em casos graves, abortamento de vagens.
- Nematoide-de-cisto: Cistos visíveis nas raízes e plantas com porte reduzido e clorose.
- Nematoide-das-lesões: Raízes escurecidas e deformadas, devido ao ataque direto.
- Nematoide-reniforme: Desuniformidade no campo, com áreas de plantas subdesenvolvidas.
Para confirmação, análises laboratoriais são essenciais. Amostras de solo e raízes devem ser coletadas de áreas suspeitas.
Principais Nematoides na Cultura da Soja
Os nematoides que afetam a soja possuem características específicas e demandam estratégias de manejo diferenciadas. Abaixo, apresentamos detalhes sobre os principais nematoides, seus impactos e formas de controle.
1. Nematoide-das-Galhas (Meloidogyne spp.)
Os nematoides-das-galhas são amplamente distribuídos no Brasil, sendo as espécies Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica as mais prevalentes. Afetam diretamente o sistema radicular, formando galhas características.
Sintomas:
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Reboleiras com plantas menores e amareladas.
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Presença de galhas nas raízes, variando em tamanho e quantidade.
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Redução na formação de vagens e abortamento.
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Amadurecimento precoce em casos graves.
Danos:
O ataque compromete a absorção de água e nutrientes, reduzindo o crescimento e a produtividade. Em anos secos, os danos são amplificados.
Manejo:
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Rotação com culturas não hospedeiras (ex.: milho, crotalária).
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Uso de cultivares resistentes.
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Plantio de adubos verdes, como Crotalaria spectabilis.
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Aplicação de biológicos que reduzem a população do nematoide.
2. Nematoide-de-Cisto (Heterodera glycines)
Detectado pela primeira vez no Brasil em 1991, o nematoide-de-cisto está presente em grandes áreas produtoras de soja. As fêmeas formam cistos visíveis nas raízes, que servem como estruturas de resistência.
Sintomas:
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Reboleiras com plantas de porte reduzido e amareladas (nanismo amarelo).
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Sistema radicular com poucas raízes laterais e presença de cistos branco-amarelados.
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Em condições severas, plantas podem morrer.
Danos:
Cada cisto pode conter centenas de ovos, possibilitando rápida disseminação e aumento populacional. Em solos férteis ou com boa distribuição de chuvas, os sintomas podem ser mascarados.
Manejo:
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Rotação com culturas como milho, sorgo ou girassol.
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Uso de cultivares resistentes, adaptadas às raças do nematoide presentes na área.
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Higienização de máquinas para evitar dispersão de cistos.
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Monitoramento constante e redução de soja voluntária (tigüera).
3. Nematoide-das-Lesões (Pratylenchus brachyurus)
Com ampla distribuição no Brasil, o nematoide-das-lesões ataca diversas culturas, incluindo a soja. Ele penetra e destrói células do córtex radicular, deixando as raízes escurecidas.
Sintomas:
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Reboleiras dispersas com plantas menores, mas ainda verdes.
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Escurecimento parcial ou total das raízes, indicando destruição celular.
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Redução na eficiência do sistema radicular.
Danos:
A presença em solos arenosos aumenta a vulnerabilidade da soja, causando perdas significativas em condições de alta infestação.
Manejo:
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Uso de adubos verdes resistentes, como algumas espécies de crotalária.
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Identificação de cultivares com menor capacidade de multiplicação do nematoide (FR<1,0).
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Rotação com culturas menos hospedeiras, como milheto ou braquiária.
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Manutenção da saúde do solo para limitar a reprodução do nematoide.
4. Nematoide-Reniforme (Rotylenchulus reniformis)
Embora mais conhecido por atacar algodão, o nematoide-reniforme vem ganhando relevância na cultura da soja, especialmente em regiões do Mato Grosso do Sul. Ele se fixa na raiz e forma massas de ovos externas.
Sintomas:
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Desuniformidade no campo, com áreas de plantas subdesenvolvidas.
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Raízes pouco desenvolvidas, com terra aderida às massas de ovos.
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Ausência de galhas, diferentemente do Meloidogyne spp..
Danos:
Por ser um ectoparasita, o nematoide-reniforme afeta tanto solos arenosos quanto argilosos, reduzindo a eficiência das raízes e impactando a produtividade.
Manejo:
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Rotação com culturas não hospedeiras, como arroz, milho ou braquiária.
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Uso de coberturas vegetais na entressafra, como nabo forrageiro e aveia preta.
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Inclusão de cultivares resistentes derivadas de programas de melhoramento genético.
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Cursos disponíveis:
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Manejo biológico de nematóides
Manejo integrado de nematoides
Sintomas e perdas causadas por nematoides
Conclusão
Os nematoides representam uma ameaça silenciosa, mas devastadora, à produção de soja. O manejo integrado, com diagnóstico preciso e práticas sustentáveis, é a chave para minimizar os impactos. O monitoramento contínuo e o planejamento são indispensáveis para a produtividade e a saúde do solo a longo prazo.
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