Pragas da Soja: Ocorrência, tipos de danos e manejo integrado
- 25/11/2024
A cultura da soja é uma das mais importantes do Brasil, mas sua produtividade pode ser gravemente impactada por diversas pragas. Conheça as principais pragas que afetam a soja, as fases em que ocorrem, partes da planta atacadas, e os tipos de danos causados.
Conheça as Principais Pragas da Soja
1. Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
- Fase fenológica: Vegetativa e reprodutiva.
- Parte atacada: Folhas.
- Danos: Desfolha severa, comprometendo a área foliar e a fotossíntese. Em altas populações, pode reduzir a produtividade em mais de 30%.
2. Falsa-medideira (Chrysodeixis includens)
- Fase fenológica: Vegetativa e reprodutiva.
- Parte atacada: Folhas.
- Danos: Consome o parênquima foliar, deixando as nervuras e causando um aspecto rendilhado. É difícil de controlar devido à resistência a inseticidas.
3. Percevejo-marrom (Euschistus heros)
- Fase fenológica: Reprodutiva (R3 a R6).
- Parte atacada: Vagens e grãos.
- Danos: Perfura as vagens, prejudicando a formação e o peso dos grãos.
4. Lagarta-das-vagens (Spodoptera spp.)
- Fase fenológica: Reprodutiva.
- Parte atacada: Vagens e folhas.
- Danos: Consome folhas e grãos das vagens, reduzindo diretamente a produtividade.
5. Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)
- Fase fenológica: Vegetativa e reprodutiva.
- Parte atacada: Caule e brotos terminais.
- Danos: Perfura caules e brotos, afetando o crescimento e causando quebra ou morte da planta.
6. Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)
- Fase fenológica: Vegetativa.
- Parte atacada: Folhas.
- Danos: Provoca pontuações cinzas na face inferior das folhas, levando à descoloração e queda precoce.
7. Mosca-branca (Bemisia tabaci)
- Fase fenológica: Vegetativa.
- Parte atacada: Folhas.
- Danos: Sugação de seiva, transmissão de viroses e formação de fumagina, reduzindo a fotossíntese.
8. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
- Fase fenológica: Inicial (plântulas).
- Parte atacada: Colo da planta.
- Danos: Forma galerias no caule, causando morte de plântulas e falhas no estande.
9. Corós (Phyllophaga spp.)
- Fase fenológica: Emergência.
- Parte atacada: Raízes.
- Danos: Consome as raízes, levando à morte de plantas em reboleiras.
10. Percevejo-verde (Nezara viridula) e Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)
- Fase fenológica: Reprodutiva.
- Parte atacada: Vagens e grãos.
- Danos: Sugam a seiva das vagens, causando má formação dos grãos e manchamento.
Impactos das Pragas na Produção de Soja
As pragas podem afetar a soja de diversas formas:
- Redução de produtividade: Perdas variam de 10% a 100%, dependendo do estágio de ataque.
- Queda na qualidade: Grãos danificados têm menor peso e pior classificação comercial.
- Aumento dos custos: Controle de pragas pode elevar custos de manejo, reduzindo a margem de lucro.
Entenda os Conceitos de Nível de Controle (NC) e Nível de Dano Econômico (NDE)
Nível de Dano Econômico (NDE):
É a densidade populacional mínima de uma praga que causa prejuízo financeiro maior que o custo de controle.
- Exemplo: Para percevejos, o NDE é de 2 adultos por pano de batida em R5.
Nível de Controle (NC):
É o ponto em que as medidas de controle devem ser adotadas para evitar que a população atinja o NDE.
- Exemplo: Para a falsa-medideira, o NC é 20% de desfolha no período vegetativo ou 15% no reprodutivo.
Estratégias Sustentáveis para o Controle de Pragas
- Controle químico:
- Utilizar inseticidas seletivos e rotacionar mecanismos de ação para evitar resistência.
- Controle biológico:
- Preservar inimigos naturais como joaninhas e parasitoides.
- Aplicar bioinseticidas como Bacillus thuringiensis.
- Controle cultural:
- Rotação de culturas e destruição de restos culturais.
- Uso de cultivares resistentes.
- Manejo integrado de pragas (MIP):
- Monitoramento regular com pano de batida ou armadilhas.
- Integração de diferentes métodos para um controle eficiente e sustentável.
Exemplo de Manejo Integrado de Pragas (MIP) na Cultura da Soja
O manejo integrado combina práticas culturais, biológicas, químicas e monitoramento para controlar pragas de forma eficiente, sustentável e econômica.
Etapas do MIP na Fazenda
1. Planejamento e prevenção
- Escolha de cultivares resistentes: Selecionar variedades de soja com maior tolerância a percevejos e lagartas.
- Destruição de restos culturais: Realizar o manejo da palhada pós-colheita para reduzir populações de pragas que sobrevivem no entressafra.
- Rotação de culturas: Alternar com gramíneas (como milho ou braquiária) para diminuir a pressão de pragas específicas.
2. Monitoramento
- Realizar amostragens semanais usando pano-de-batida para lagartas e percevejos.
- Utilizar armadilhas luminosas ou feromônios para detectar a presença de Helicoverpa ou outras lagartas antes de grandes infestações.
- Registrar os níveis populacionais de pragas e inimigos naturais em planilhas ou aplicativos.
3. Controle cultural
- Plantio em janela adequada: Garantir que a soja seja plantada no período recomendado, evitando coincidir com picos populacionais de percevejos.
- Aumento da diversidade no entorno: Manter áreas de vegetação nativa próximas para favorecer inimigos naturais.
4. Controle biológico
- Inimigos naturais: Promover a preservação de parasitoides (como Telenomus podisi para percevejos) e predadores (joaninhas e tesourinhas).
- Bioinseticidas: Aplicar Bacillus thuringiensis (Bt) para lagarta-falsa-medideira nos estágios iniciais, quando as lagartas estão menores e mais vulneráveis.
5. Controle químico
- Aplicar inseticidas seletivos apenas quando o Nível de Controle (NC) for atingido:
- Para lagarta-falsa-medideira: Aplicação de inseticidas seletivos como os reguladores de crescimento (IGRs), para preservar inimigos naturais.
- Para percevejo-marrom: Usar produtos à base de neonicotinoides em misturas recomendadas e rotacionar modos de ação para evitar resistência.
- Respeitar horários de aplicação (como início da manhã ou final da tarde) para proteger polinizadores e inimigos naturais.
Manejo integrado de pragas: Fundamentos e componentes
6. Avaliação
- Após cada aplicação ou medida tomada, monitorar novamente para verificar a eficácia do manejo.
- Avaliar a densidade populacional de pragas e a recuperação da cultura.
- Realizar ajustes nas estratégias conforme necessário.
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Conclusão
O manejo eficiente das pragas é essencial para garantir altas produtividades e sustentabilidade na cultura da soja. Implementar práticas de manejo integrado não só reduz os danos econômicos, como também promove a saúde do agroecossistema. Invista em estratégias modernas e baseadas em monitoramento para proteger sua lavoura e maximizar os resultados.