Tratamento de sementes: conheça os métodos e sua importância para maximizar a produtividade
- 19/06/2024
A ocorrência de doenças e pragas associadas às sementes é um dos fatores que mais causam danos aos cultivos agrícolas e aos agroecossistemas, sendo um problema de importância crescente em todo o mundo. Essas ameaças comprometem diretamente a produção agrícola, reduzindo a produtividade e a qualidade das colheitas, além de representar um risco significativo à sustentabilidade dos sistemas agrícolas.
Impacto das doenças e pragas transmitidas por sementes
Doenças e pragas transmitidas por sementes podem levar a perdas significativas na produção agrícola, impactando negativamente a economia rural e a segurança alimentar. Patógenos como fungos, bactérias e vírus, além de pragas como insetos e nematoides, podem estar presentes nas sementes e se disseminar rapidamente, contaminando vastas áreas de cultivo.
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Tratamento de sementes
O tratamento de sementes envolve a aplicação de defensivos químicos e biológicos diretamente nas sementes, visando controlar fungos e pragas que afetam as sementes e as plântulas. O principal objetivo dessa prática é proteger as sementes durante as fases iniciais da lavoura, desde a semeadura até a emergência das plântulas.
Além do uso de defensivos, o tratamento de sementes abrange uma série de tecnologias aplicadas às sementes, incluindo:
- Inoculantes: Microrganismos benéficos que promovem o crescimento das plantas.
- Agentes de Proteção: Produtos que protegem as sementes e plantas contra doenças e pragas de solo.
- Micronutrientes: Elementos essenciais em pequenas quantidades que melhoram o desenvolvimento inicial das plantas.
- Reguladores de Crescimento: Substâncias que influenciam o crescimento e o desenvolvimento das plantas.
- Revestimentos de Sementes: Materiais aplicados para melhorar a manipulação e proteção das sementes.
O tratamento de sementes tem como principal objetivo a proteção contra fungos de solo, especialmente espécies dos gêneros Pythium, Rhizoctonia, Fusarium e Stenocarpella (também conhecida como Diplodia) (Pinto, 1993). Esses patógenos podem causar uma série de problemas, como podridões de sementes, morte de plântulas tanto antes quanto após a emergência, e podridões radiculares. Esses danos resultam na formação de um estande irregular, comprometendo a uniformidade e o rendimento das culturas agrícolas.
Métodos de tratamento de sementes
O tratamento de sementes é uma prática essencial na agricultura moderna, visando proteger e melhorar o desempenho das sementes contra doenças e pragas. Os métodos de tratamento podem ser classificados em quatro categorias principais: tratamentos químicos, físicos, biológicos e bioquímicos. A combinação dessas modalidades é frequentemente recomendada para maximizar a eficácia no controle de patógenos e pragas.
1. Tratamento químico
O tratamento químico de sementes envolve a aplicação de produtos como fungicidas e inseticidas. Esses produtos são formulados para eliminar ou inibir o crescimento de patógenos e pragas que podem estar presentes nas sementes ou no solo onde serão plantadas. Os tratamentos químicos são amplamente utilizados devido à sua eficácia imediata e ao seu custo-benefício.
2. Tratamento físico
O tratamento físico das sementes consiste na exposição a agentes físicos com propriedades biocidas, como calor, radiação ou ultrassom. A termoterapia, por exemplo, envolve a exposição das sementes a temperaturas elevadas por um período controlado, o que pode eliminar patógenos sem danificar as sementes
3. Tratamento biológico
O tratamento biológico envolve a utilização de organismos vivos que são antagonistas naturais de patógenos e pragas, ou que induzem resistência nas plantas. Esses organismos podem incluir bactérias, fungos e outros microrganismos benéficos que colonizam a superfície das sementes e competem com patógenos ou produzem substâncias que inibem seu crescimento.
4. Tratamento bioquímico
Embora menos comum, o tratamento bioquímico tem sido praticado em alguns casos e envolve o uso de substâncias naturais ou sintéticas que modulam os processos biológicos das sementes. Isso pode incluir hormônios vegetais, indutores de resistência ou outros compostos bioativos que melhoram a capacidade das sementes de resistir a patógenos e pragas.
Combinação de métodos
A combinação de diferentes métodos de tratamento de sementes tem se mostrado uma estratégia recomendável para o controle de patógenos e pragas. A sinergia entre tratamentos químicos, físicos, biológicos e bioquímicos pode proporcionar uma proteção mais abrangente e eficaz.
Vale ressaltar que nem todas as métodos de tratamento de sementes são utilizadas em toda e qualquer cultura, principalmente em se tratando do método físico.
O que vai determinar o melhor métodos e os produtos a serem utilizados é a cultura de interesse, principais pragas e doenças que acometem essa cultura na região e compatibilidades entre os produtos, principalmente no que diz respeito ao uso de biológicos juntamente com químicos.
Exemplos de combinações:
- Químico + Físico: Tratamento inicial com fungicidas seguido de termoterapia para uma proteção dupla contra patógenos resistentes.
- Biológico + Bioquímico: Aplicação de microrganismos benéficos junto com indutores de resistência para fortalecer as defesas naturais das plantas.
- Químico + Biológico: Uso de produtos químicos para controle imediato e agentes biológicos para proteção contínua e promoção da saúde do solo.
Pilares da qualidade de sementes
De acordo com Costa (2018) a semente não pode ser considerada apenas como um grão que germina, ela possui atributos como a qualidade genética, fisiológica e sanitária que garantem um desempenho agronômico crucial para o sucesso da lavoura.
A germinação e o vigor das sementes são elementos cruciais para atingir altos rendimentos. Estes dois fatores, juntamente com as qualidades genéticas, sanitárias e físicas representam a qualidade da semente. A utilização de sementes de alta qualidade resulta em melhor controle de população de plantas que ocasiona um controle de patógenos e pragas mais eficientes.
A boa qualidade das sementes é um fator de extrema importância para o sucesso de qualquer cultura, a qual se busque uniformidade, proveniente de atributos como alta qualidade genética, sanitária, física e fisiológica (SILVA, 2005 apud FILHO, 2018).
O tratamento das sementes com fungicidas oferece garantia de melhor estabelecimento da população de plantas por controlar patógenos importantes transmitidos pelas sementes. Além disso, condições desfavoráveis à germinação da semente e a emergência da plântula de soja, especialmente a deficiência hídrica, tornam mais lento esse processo, expondo as sementes por mais tempo a fungos do solo. Além disso, são incorporados inseticidas nos tratamentos, para controlar pragas específicas do solo para proteger as plântulas durante os processos de germinação e emergência.
Conclusão
O tratamento de sementes é uma prática indispensável na agricultura moderna, oferecendo uma proteção crucial contra uma vasta gama de patógenos e pragas que podem comprometer o sucesso das culturas agrícolas. A aplicação de métodos químicos, físicos, biológicos e bioquímicos, muitas vezes em combinação, proporciona uma abordagem integrada e eficaz para garantir a sanidade e o vigor das sementes.
A diversidade de técnicas disponíveis, desde a utilização de fungicidas e inseticidas até a incorporação de microrganismos benéficos e substâncias bioativas, permite aos agricultores adaptar o tratamento de sementes às necessidades específicas de suas culturas e condições locais. Isso resulta em uma série de benefícios, incluindo a prevenção de doenças e pragas, a promoção de um estande uniforme e vigoroso, e a redução do impacto ambiental associado ao uso excessivo de produtos químicos.
Adicionalmente, o uso de tecnologias como inoculantes, agentes de proteção, micronutrientes, reguladores de crescimento e revestimentos de sementes complementa e potencializa os efeitos dos tratamentos tradicionais, contribuindo para o desenvolvimento saudável das plantas desde a semeadura até a fase inicial de crescimento.