Manejo de doenças do solo
- 17/06/2024
As culturas de valor econômico são frequentemente infectadas por diversos fitopatógenos, incluindo fungos que habitam o solo. Esses fungos causam sérias doenças e, dependendo do patógeno, podem provocar lesões nos órgãos de reserva (frutos, sementes, etc.), no caule, nas raízes, no sistema vascular (xilema), além de causar a queda de plântulas ou de plantas bem desenvolvidas. Em casos de alta intensidade da doença, podem até levar as plantas à morte. Essas doenças resultam em uma diminuição da produção e, consequentemente, em prejuízos financeiros para os produtores.
Patógenos radiculares, também denominados fitopatógenos habitantes do solo, podem ser definidos como organismos que:
(a) passam a maior parte de seu ciclo de vida no solo,
(b) infectam órgãos subterrâneos ou caules das plantas,
(c) têm capacidade de sobreviver no solo por um longo período na ausência de seus hospedeiros,
(d) possuem capacidade de competição saprofítica e
(e) seus estádios de disseminação e sobrevivência são confinados ao solo, embora alguns possam produzir esporos disseminados pelo ar ou água (Hillocks & Waller, 1997)
Patógenos de solo
Dentre os organismos causadores de doenças radiculares destacam-se os fungos, as bactérias e os nematóides.
Fungos
Os fungos constituem o maior grupo de patógenos radiculares, ocorrendo em todos os tipos de sistemas agrícolas e causando doenças nas principais espécies cultivadas, com uma variada gama de sintomas
Exemplos de fungos de solo são:
Fusarium sp.,
Macrophomina phaseolina,
Sclerotium sp.,
Sclerotinia sclerotiorum,
Verticillium dahliae,
Rhizoctonia sp.,
Phytophthora sp.,
Pythium sp. e
Plasmodiophora brassicae.
Bactérias:
As bactérias, embora sejam considerados os microrganismos mais numerosos no solo e estejam invariavelmente associadas com doenças radiculares, relativamente poucas são patógenos radiculares primários. Bactérias que causam doenças radiculares, em sua maioria, sobrevivem em restos culturais, mas em alguns casos são capazes de sobreviver livres no solo. Esses organismos penetram por ferimentos nas raízes causados por nematóides, insetos, implementos agrícolas ou rachaduras naturais na superfície da raiz. Os sintomas causados por bactérias fitopatogênicas incluem podridões moles, murchas vasculares, proliferação radicular e crescimento celular anormal. Espécies dos gêneros Agrobacterium, Pectobacterium e Ralstonia são responsáveis pela maioria das doenças radiculares de origem bacteriana.
Principais sintomas:
Os sintomas comumente causados, dependendo do fungo e da sua planta hospedeira, são:
- a) podridão seca e mole;
- b) tombamento (“damping-off”) de pré e pós-emergência de plântula;
- c) podridão de raízes ou radicelas, que ficam enegrecidas; lesões escuras ou avermelhadas, com reentrância no caule, situadas imediatamente abaixo ou acima da superfície do solo, tudo isso acarretando sintomas reflexo na parte aérea das plantas (folhas amareladas e murchas);
- d) escurecimento ou avermelhamento do sistema vascular, refletindo sintomas também na parte aérea das plantas (o desenvolvimento do fungo dentro do xilema impede o fluxo de água até as folhas, levando as mesmas a amarelar e murchar);
- e) galhas nas raízes, semelhantes a um inchamento ou protuberância, causando sintomas reflexos também na parte aérea das plantas (Kimati et al., 1997; Bergamin Filho et al., 1995).
Podridões de sementes e doenças de plântulas
Podridões de sementes são causadas por bactérias e fungos que infectam as sementes antes ou imediatamente após a germinação e a formação das plântulas, antes da emergência na superfície do solo.
Doenças de plântulas são causadas principalmente por fungos e tipicamente resultam na debilidade ou morte da plântula.
Os sintomas podem incluir raízes com podridões moles, raízes com necroses ou lesões deprimidas nas áreas do hipocótilo ou epicótilo da plântula.
Podridões de sementes e doenças de plântulas podem devastar uma cultura. Os estandes de plantas tornam-se desiguais e as plantas podem ser debilitadas devido às lesões nas raízes e na parte baixa do caule. Isso leva ao pobre crescimento da planta, à maturidade desuniforme da cultura e, em casos extremos, necessidade de replantio do campo. Estandes pobres de plantas podem também levar a maiores problemas com plantas invasoras devido à menor competição (Wheeler & Rush, 2001b).
Podridões radiculares
Podridões radiculares estão entre as doenças mais comuns causadas por fitopatógenos habitantes do solo, pois ocorrem na maioria das espécies cultivadas e apresentam uma ampla gama de sintomas. Nessas doenças, as raízes das plantas são afetadas e os tecidos radiculares tornam-se necróticos e morrem. O sistema radicular inteiro de uma planta ou somente uma pequena área próxima ao local de penetração inicial do patógeno pode tornar-se infectada. Muitas podridões radiculares causam a morte rápida da planta, enquanto outras causam somente sintomas leves e têm impacto mínimo no desenvolvimento da planta,
Murchas vasculares
Murchas vasculares são doenças de plantas na maturidade, em que o sistema vascular tornase obstruído, resultando em limitada translocação de água. Patógenos causadores de doenças vasculares incluem fungos (Fusarium oxysporum, Verticillium dahliae e Verticillium albo-atrum), bactérias (R. solanacearum) ou nematóides (Bursaphelenchus xylophilus).
As doenças vasculares fúngicas são muito similares na sintomatologia, com a planta apresentando inicialmente o amarelecimento das folhas mais velhas, que posteriormente progride para as demais folhas. Com alguns isolados fúngicos particularmente agressivos, as folhas podem se tornar marrom e rapidamente morrerem.
Podridões moles
Podridões moles são causadas por bactérias e fungos que secretam enzimas pectinolíticas quando infectam os tecidos da planta hospedeira. Essas enzimas degradam substâncias pécticas nas células das plantas, resultando na maceração dos tecidos e perda da integridade estrutural dos tecidos da planta. Como as enzimas produzidas movem-se no tecido infectado à frente do patógeno, as membranas celulares são rompidas e o conteúdo da célula danificada propicia uma fonte de alimento para o patógeno. Podridões moles são tipicamente associadas com hospedeiros maturos, e os patógenos que causam podridões moles também causam doenças pós-colheita.