Os pilares do controle biológico na agricultura: o que fazer para alcançar os melhores resultados
- 27/05/2024
O que é controle biológico?
Controle biológico é o uso de inimigos naturais para reduzir a população de pragas e doenças a níveis economicamente aceitáveis. Esses inimigos naturais podem ser predadores, parasitas ou patógenos que atacam as pragas e ajudam a manter o equilíbrio no ecossistema agrícola. O objetivo principal é diminuir a dependência de produtos químicos, promovendo um ambiente mais saudável para o cultivo e reduzindo o impacto negativo no meio ambiente.
Como é realizado o controle biológico?
O controle biológico pode ser realizado de diversas maneiras, dependendo do tipo de praga ou doença a ser controlada, bem como das condições específicas da lavoura. As principais estratégias incluem:
Introdução de agentes biológicos: Consiste na liberação intencional de inimigos naturais no ambiente agrícola. Essa prática é usada principalmente quando os inimigos naturais não estão presentes ou são insuficientes para controlar a praga. Exemplos incluem a introdução de joaninhas para controlar pulgões ou de parasitoides para controlar lagartas.
Conservação de inimigos naturais: Envolve a criação de condições favoráveis para os inimigos naturais já presentes na lavoura. Isso pode ser feito através da manutenção de habitats naturais, uso reduzido de pesticidas químicos e implantação de culturas de cobertura que forneçam abrigo e alimento para os predadores e parasitas.
Aumentação de inimigos naturais: Neste caso, são realizadas criações em massa de inimigos naturais em laboratórios, que depois são liberados na lavoura em grandes quantidades para controlar a praga. Essa técnica é comum no controle de moscas-brancas e ácaros.
Principais agentes de controle biológico
Os agentes de controle biológico podem ser classificados em três categorias principais: predadores, parasitas e patógenos.
Predadores: São organismos que se alimentam de pragas. Entre os predadores mais comuns estão:
- Joaninhas (Coccinellidae): São vorazes predadoras de pulgões, cochonilhas e outros pequenos insetos.
- Percevejos (Heteroptera): Muitos percevejos predadores se alimentam de lagartas e outros insetos nocivos.
Parasitas (Parasitoides): São organismos que depositam seus ovos dentro ou sobre o corpo das pragas. As larvas resultantes se alimentam da praga, levando-a à morte. Exemplos incluem:
- Vespas parasitoides (Ichneumonidae e Braconidae): Atacam principalmente lagartas e besouros.
- Moscas parasitoides (Tachinidae): Utilizadas no controle de várias espécies de lagartas e besouros.
Patógenos: São microorganismos como bactérias, fungos e vírus que infectam e matam as pragas. Exemplos incluem:
- Bacillus thuringiensis (Bt): Uma bactéria que produz toxinas específicas para determinadas espécies de insetos, amplamente utilizada no controle de lagartas.
- Fungos entomopatogênicos (Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae): Infectam uma variedade de insetos, causando a morte por doenças.
Quer se aprofundar mais nos agentes de controle biológicos e entender os seus mecanismos de ação no controle de pragas, doenças e nematoides? Confira essa sequência de aulas disponíveis no YouTube da My Farm Agro Educação:
Aulas: Controle biológico: conceitos iniciais
Pilares do controle biológico:
Específico para o alvo: Os agentes de controle biológico devem ser específicos para a praga ou doença que se deseja controlar, minimizando o impacto sobre organismos não-alvo e mantendo a integridade do ecossistema agrícola.
Autossustentável: Idealmente, o controle biológico deve ser capaz de manter-se ao longo do tempo sem intervenção constante do agricultor. Isso pode ser alcançado através da conservação de inimigos naturais ou do estabelecimento de populações autossustentáveis de agentes de controle biológico na lavoura.
Compatível com o manejo integrado de pragas (MIP): O controle biológico deve ser integrado a outras práticas de manejo, como o uso racional de pesticidas, culturas resistentes e práticas culturais adequadas, formando um sistema de controle integrado e sustentável.
Fatores que afetam a eficiência do controle biológico:
Vários fatores podem influenciar a eficácia do controle biológico na agricultura. É importante considerar e manejar adequadamente cada um desses fatores para garantir os melhores resultados:
Ambientais:
- Condições climáticas: Temperatura, umidade e outras condições climáticas podem afetar a atividade e eficiência dos agentes de controle biológico.
- Habitat e recursos: Disponibilidade de abrigo, alimento e espaço influenciam a capacidade dos inimigos naturais de se estabelecerem e manterem populações eficazes.
Biológicos:
- Dinâmica das populações: Flutuações na densidade das populações de pragas e inimigos naturais podem afetar a eficácia do controle biológico.
- Interferência de espécies não-alvo: Outras espécies presentes na lavoura podem interferir com os agentes de controle biológico, competindo por recursos ou servindo como hospedeiros alternativos.
Técnicos:
- Seleção e liberação de agentes biológicos: Escolher a espécie correta de inimigo natural para a praga alvo e liberá-la na quantidade e no momento adequados são fundamentais para o sucesso do controle biológico.
- Monitoramento e avaliação: Acompanhar regularmente a eficácia do controle biológico e ajustar as estratégias conforme necessário é essencial para maximizar os resultados.
Como obter os melhores resultados no controle biológico:
Para garantir a eficiência máxima do controle biológico, são recomendadas as seguintes práticas:
Identificação precisa da praga ou doença: Conhecer a biologia e o ciclo de vida da praga ou doença alvo é crucial para selecionar os agentes de controle biológico mais adequados.
Escolha dos agentes biológicos: Selecionar os predadores, parasitas ou patógenos que sejam eficazes contra a praga específica, levando em conta fatores como a capacidade de dispersão, taxa de reprodução e adaptação às condições locais.
Manutenção de condições favoráveis: Promover um ambiente que favoreça a atividade e a sobrevivência dos agentes de controle biológico, através da redução do uso de pesticidas químicos, conservação de habitats naturais e implementação de práticas agrícolas que minimizem o estresse ambiental.
Monitoramento regular: Realizar monitoramentos frequentes para avaliar a eficácia do controle biológico e identificar qualquer necessidade de ajuste nas estratégias utilizadas.
Integração com outras técnicas de manejo: Utilizar o controle biológico como parte de um manejo integrado de pragas (MIP), combinando-o com outras estratégias como o uso de cultivares resistentes, rotação de culturas e práticas culturais adequadas.
Ao seguir esses princípios e práticas, os agricultores podem maximizar os benefícios do controle biológico, reduzindo a dependência de pesticidas químicos e promovendo uma agricultura mais sustentável e ambientalmente responsável.