Rizosfera e Rizodeposição: conceitos, importância na agricultura e benefícios
- 15/07/2024
O que é a rizosfera?
A rizosfera é a região do solo imediatamente ao redor das raízes das plantas, onde ocorre uma intensa interação entre as raízes, o solo e os micro-organismos. Este ambiente é caracterizado por um microclima e condições químicas únicas, influenciadas diretamente pela presença e atividade das raízes. A rizosfera se estende por alguns milímetros ao redor das raízes e é um dos ecossistemas mais dinâmicos e complexos da biosfera.
O que é rizodeposição?
A rizodeposição refere-se ao processo pelo qual as raízes das plantas liberam compostos orgânicos e inorgânicos no solo. Esses exsudatos radiculares incluem uma variedade de substâncias, como açúcares, aminoácidos, ácidos orgânicos, vitaminas, hormônios e enzimas. A rizodeposição não apenas fornece nutrientes para os micro-organismos do solo, mas também influencia diretamente a composição e a atividade da comunidade microbiana na rizosfera.
Ambiente da rizosfera
A rizosfera é o ambiente diretamente influenciado pelas raízes das plantas, caracterizado por uma intensa atividade bacteriana. A rizorremediação envolve fatores cruciais para o processo de degradação, sendo que o sistema radicular das plantas fornece substrato para o crescimento da população microbiana por meio dos exsudatos radiculares (aminoácidos, carboidratos, ácidos orgânicos e cofatores). Além disso, oferece uma ampla superfície para o desenvolvimento dessas populações, permitindo que os microrganismos alcancem regiões do solo que, sem o auxílio das raízes, seriam inacessíveis.
A rizosfera é a região do solo onde as raízes das plantas crescem, obtendo água, sais minerais e nutrientes, além de estabelecerem relações com as raízes de outras plantas e microrganismos, como bactérias e fungos. Essas interações são influenciadas pelas características físico-químicas do solo e pela produção e liberação de substâncias químicas pelas raízes. Algumas dessas substâncias inibem o crescimento de outras plantas, ajudando as espécies que as produzem a competir por espaço, em um processo conhecido como alelopatia. Assim, a rizosfera é fundamental para o desenvolvimento das plantas.
Um fenômeno característico da rizosfera é a associação entre bactérias, fungos e as raízes das plantas. Muitos microrganismos presentes nessa parte do solo aderem às raízes e estabelecem uma relação mutuamente benéfica (simbiose) com as plantas. Como as bactérias são extremamente pequenas, com diâmetro geralmente medido em micrômetros (um micrômetro é a milionésima parte do metro), as raízes servem como suportes eficazes para esses seres diminutos.
Uma simbiose importante para a agronomia mundial é a associação entre bactérias fixadoras de nitrogênio (principalmente dos gêneros Rhizobium, Bradyrhizobium e Azorhizobium) e as raízes de leguminosas, família de plantas que inclui espécies amplamente utilizadas como alimento, como soja, feijão, lentilha e outras. Essas bactérias transformam o nitrogênio gasoso do ar (que penetra nos poros do solo) em compostos assimiláveis pelas plantas e outros seres vivos. Esse processo, chamado fixação biológica do nitrogênio, pode suprir todas as necessidades de nitrogênio das plantas, como observado na cultura da soja, eliminando a necessidade de aplicação de fertilizantes químicos.
Características físicas e químicas
Dependendo da espécie vegetal teremos uma arquitetura radicular diferente e cada arquitetura radicular ira realizar uma deposição de materiais orgânicos diferentes, a liberação de exsudatos está relacionada à fotossíntese portanto como a idade e o vigor da planta influencia na fotossíntese ela estará influenciando nesse processo, cada tipo de solo estará disponibilizando seus nutrientes de forma diferente (alguns possuem partículas que seguram melhor o nutrientes do solo e os deixam indisponível), os fatores ambientais estarão influenciando principalmente na luz, umidade e temperatura.
Os exsudatos são liberados por células vivas possuem grande diversidade, baixo peso molecular, solúveis em água, saem sem gasto de energia e em geral são resultados do metabolismo, como exemplo temos os aminoácidos, ácidos orgânicos e carboidratos. Os exsudatos são utilizados pelos micro-organismos e em alguns casos podem ser produzido pelos mesmos.
O pH vai ser influenciado pela liberação de íons H+ pelas raízes, vai influenciar nos tipos de exsudatos presentes na rizosfera e a absorção de nutrientes pelo sistema radicular. O pH rizosferico difere de uma a duas unidades do ph do solo.
Importância na agricultura
Benefícios da rizosfera
- Melhoria da fertilidade do solo: As exsudações radiculares aumentam a disponibilidade de nutrientes no solo. Compostos como ácidos orgânicos podem mobilizar nutrientes como fósforo, tornando-os mais acessíveis para as plantas.
- Promoção do crescimento das plantas: A interação com microrganismos benéficos, como bactérias e fungos, pode melhorar a absorção de nutrientes e promover o crescimento saudável das plantas. Por exemplo, bactérias fixadoras de nitrogênio, como Rhizobium, formam associações simbióticas com leguminosas, convertendo o nitrogênio atmosférico em formas assimiláveis pelas plantas.
- Proteção contra patógenos: A rizosfera também abriga microrganismos que podem proteger as plantas contra patógenos do solo. Microrganismos como Pseudomonas e Bacillus produzem substâncias que inibem o crescimento de patógenos, atuando como biocontrole natural.
- Estrutura do solo: A presença de raízes e a atividade microbiana na rizosfera contribuem para a formação de agregados do solo, melhorando sua estrutura e aeração. Isso é crucial para a retenção de água e para a infiltração, reduzindo a erosão.
Influência da rizodeposição nas plantas
A rizodeposição desempenha um papel vital na dinâmica da rizosfera. Os compostos liberados pelas raízes atuam como sinais químicos que atraem e estimulam a atividade de micro-organismos específicos. Essa interação promove uma série de processos benéficos:
- Fixação de nitrogênio: Bactérias fixadoras de nitrogênio são atraídas pelos exsudatos radiculares e formam nódulos nas raízes das leguminosas, onde convertem nitrogênio atmosférico em amônia, um nutriente essencial para as plantas.
- Mobilização de nutrientes: Ácidos orgânicos exsudados pelas raízes podem solubilizar fosfatos e outros nutrientes minerais, tornando-os mais disponíveis para a absorção pela planta.
- Estimulação do Crescimento microbiano: Açúcares e aminoácidos liberados pelas raízes servem como fonte de carbono e nitrogênio para os micro-organismos, aumentando a atividade microbiana e promovendo a ciclagem de nutrientes no solo.
Componentes da rizosfera
A rizosfera é composta por vários elementos interativos:
- Raízes das plantas: A estrutura primária que define a rizosfera, influenciando diretamente o microambiente do solo.
- Micro-organismos: Incluem bactérias, fungos, protozoários e nematoides. Alguns dos microrganismos mais importantes são as bactérias fixadoras de nitrogênio, os fungos micorrízicos arbusculares e as bactérias promotoras do crescimento das plantas (PGPR).
- Exsudatos radiculares: Substâncias químicas liberadas pelas raízes que afetam a composição e a atividade da comunidade microbiana.
- Solo: O meio físico e químico que interage com as raízes e os micro-organismos, influenciado pela textura, pH, matéria orgânica e outros fatores.
Conclusão
A rizosfera e a rizodeposição são fundamentais para a saúde das plantas e a produtividade agrícola. Compreender esses processos permite a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis, que otimizam o uso de fertilizantes e pesticidas, promovem a saúde do solo e aumentam a resiliência das culturas. A integração do conhecimento sobre a rizosfera nas estratégias de manejo agrícola pode levar a uma produção mais eficiente e ambientalmente amigável.