Manejo de plantas daninhas na soja: saiba quais são as principais espécies e como controlar!
- 16/11/2023
O manejo de plantas daninhas na cultura da soja é um desafio constante para os agricultores em todo o mundo. As plantas daninhas competem com a soja por nutrientes, luz solar e água, o que pode resultar em redução significativa da produtividade. Além disso, as plantas daninhas podem abrigar pragas e doenças, tornando o controle eficaz uma prioridade para garantir colheitas saudáveis e lucrativas. Neste artigo, discutiremos estratégias abrangentes para o manejo de plantas daninhas na soja, incluindo métodos culturais, químicos e biológicos.
Danos causados pelas plantas daninhas
Soja infestada com plantas daninhas está sujeita a diferentes formas de interferência. Os danos podem se manifestar pela competição por elementos essenciais como luz, água e nutrientes, com consequências sobre o rendimento e a qualidade do produto. A interferência pode ocorrer também de forma indireta, influenciando negativamente o manejo da cultura, a eficiência técnica da colheita e o beneficiamento de grãos.
As plantas daninhas podem servir de hospedeiras de pragas, doenças e nematoides, representando riscos não só para a soja como também para outras culturas em sucessão ou rotação.
Principais plantas daninhas na soja
A cultura da soja pode ser afetada por uma variedade de plantas daninhas, sendo algumas mais comuns do que outras, dependendo da região e das práticas de manejo agrícola. Abaixo, listo algumas das principais plantas daninhas que ocorrem na cultura da soja:
- Buva (Conyza spp.);
- Capim-amargoso (Digitaria spp.);
- Capim-colchão (Pennisetum spp.);
- Capim-marmelada (Brachiaria plantaginea);
- Corda-de-viola (Ipomoea spp.);
- Capim-arroz (Echinochloa spp.);
- Guanxuma (Sida spp.);
- Trapoeraba (Commelina spp.);
- Caruru (Amaranthus spp.)
- Picão-preto (Bidens pilosa);
- Trapoeraba-roxa (Tradescantia spp.);
- Fedegoso (Senna obtusifolia);
- Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica);
- Beldroega (Portulaca oleracea).
Lembre-se de que a ocorrência dessas plantas daninhas pode variar de acordo com a localização geográfica, as práticas agrícolas e as condições específicas de cada lavoura de soja. O controle eficaz das plantas daninhas na soja requer a identificação precisa das espécies presentes e a implementação de estratégias adequadas de manejo.
Pontos importantes para se atentar a cada espécie de plantas daninhas:
- Quais plantas daninhas são hospedeiras de patógenos, pragas e nematoides;
- Momento ideal para controlar a planta daninha;
- Se essa espécie possui resistência a algum mecanismo de ação.
7 pilares do manejo de plantas daninhas
- Evitar a introdução de plantas daninhas na área;
- Realizar a semeadura no limpo;
- Utilizar pré-emergentes;
- Controlar na fase inicial;
- Condições ambientais favoráveis;
- Dose adequada;
- Rotacionar mecanismos de ação.
1 – Evitar a introdução de plantas daninhas na área
Prevenir a entrada e disseminação de plantas daninhas é mais econômico do que controlá-las. Monitore cuidadosamente o fluxo de equipamentos agrícolas, principalmente quando estes saem de áreas com maior infestação de plantas daninhas. Além disso, esteja atento às operações terceirizadas, pois podem trazer consigo sementes ou propágulos de plantas indesejadas.
2 – Realizar a semeadura no limpo
É fundamental garantir que a cultura inicie seu crescimento sem competição direta com as plantas daninhas. Isso significa implementar práticas que permitam à soja desenvolver-se sem a presença de concorrentes, especialmente nos estágios iniciais.
3 – Utilizar pré-emergentes
O uso eficaz de herbicidas pré-emergentes pode reduzir a necessidade de aplicação de herbicidas pós-emergentes. Esse método pode diminuir a pressão exercida pelas plantas daninhas desde o início do ciclo de crescimento da cultura.
4- Controlar na fase inicial
Intervenções precoces, como capinas manuais ou mecânicas e o uso de herbicidas seletivos, são cruciais para evitar a competição direta entre as plantas daninhas e a cultura da soja nos estágios iniciais de crescimento. Esse controle precoce contribui significativamente para um desenvolvimento saudável da cultura.
5 – Condições ambientais favoráveis
Acompanhar e considerar fatores como umidade, radiação solar e precipitação são essenciais para garantir a eficácia do herbicida aplicado. Condições ambientais adequadas potencializam a eficácia do controle das plantas daninhas, reduzindo a necessidade de aplicações adicionais.
6 – Dose adequada
A aplicação correta e na dose recomendada dos herbicidas é crucial para evitar casos de resistência das plantas daninhas e para garantir um controle eficaz. O uso adequado dos herbicidas contribui para a preservação da eficácia desses produtos ao longo do tempo.
7 – Rotacionar mecanismos de ação
A prática de alternar diferentes grupos de herbicidas e mecanismos de ação é essencial para reduzir a pressão de seleção exercida sobre as plantas daninhas. Ao utilizar diferentes classes de herbicidas em épocas alternadas, minimiza-se o risco de desenvolvimento de resistência das plantas daninhas a um mecanismo específico. Essa estratégia promove um manejo mais eficiente e sustentável das plantas daninhas ao longo das safras, preservando a eficácia dos herbicidas e reduzindo os impactos negativos sobre a produção de soja.
Controle químico de plantas daninhas
O método predominante para o controle de plantas daninhas na cultura da soja é o uso de herbicidas. Devido à sua praticidade, eficácia e rapidez, a soja é uma cultura que demanda um alto consumo de herbicidas. São empregados herbicidas tanto de pré-emergência quanto de pós-emergência para esse fim.
Nos estudos sobre a interferência das plantas daninhas, três intervalos de tempo são destacados como cruciais: o período anterior à interferência (PAI), o período total de prevenção à interferência (PTPI) e o período crítico de prevenção à interferência (PCPI). O PAI abrange o período que se estende aproximadamente de 10 a 33 dias após a emergência da soja. Este intervalo é de particular relevância para o manejo de plantas daninhas, uma vez que a partir dele, medidas eficazes de controle se tornam essenciais, já que a produtividade da cultura é significativamente impactada.
Momento de aplicação:
– PPI – Pré-Plantio Incorporado (aplicado antes da semeadura da cultura e antes da emergência das plantas daninhas – trifluralina).
– PRE – Pré-Emergência (após as semeaduras, mas antes da emergência da cultura e das plantas daninhas – alaclor e atrazina).
– POS – Pós-Emergência (após a emergência das culturas e das plantas daninhas – glifosato e 2,4-D).
Herbicidas para a cultura da soja
A escolha do herbicida apropriado depende do tipo de plantas daninhas presentes, das condições locais e das práticas de manejo agrícola. Abaixo, listo alguns exemplos de herbicidas que podem ser utilizados na cultura da soja:
- Glifosato: Um herbicida de amplo espectro que é eficaz contra muitas plantas daninhas, incluindo aquelas resistentes a outros herbicidas;
- Imazetapir: Um herbicida de pós-emergência usado para controlar plantas daninhas de folhas largas na soja;
- Dicamba: Utilizado para o controle de plantas daninhas resistentes, especialmente as de folhas largas;
- 2,4-D (Ácido 2,4-diclorofenoxiacético): Eficaz contra plantas daninhas de folhas largas, é muitas vezes combinado com outros herbicidas;
- Clethodim: Um herbicida seletivo para grama, frequentemente usado para controlar plantas daninhas de folhas largas em campos de soja;
- S-metolachlor: Usado como herbicida de pré-emergência para o controle de várias plantas daninhas;
- Acetochlor: Outro herbicida de pré-emergência utilizado para prevenir o crescimento de plantas daninhas;
- Fomesafen: Um herbicida de pós-emergência que controla eficazmente plantas daninhas de folhas largas;
- Isoxaflutole: Utilizado em herbicidas de pré-emergência para prevenir o desenvolvimento de plantas daninhas;
- Flumioxazin: Um herbicida residual que controla plantas daninhas no solo.
Lembre-se de que a escolha do herbicida deve ser feita com base em consultas a especialistas agrícolas, levando em consideração a resistência de plantas daninhas locais, regulamentações governamentais e boas práticas de manejo. Além disso, é importante seguir as instruções de aplicação e dosagem fornecidas pelo fabricante para garantir um controle eficaz e seguro das plantas daninhas na cultura da soja.
Quais fatores devem ser considerados na escolha do herbicida
A escolha do herbicida no controle de plantas daninhas é uma decisão crítica que envolve diversos fatores a serem avaliados. Aqui estão alguns pontos de atenção que devem ser considerados ao selecionar o herbicida apropriado:
– Espécies de Plantas Daninhas Presentes: Identificar as espécies de plantas daninhas presentes no campo é o primeiro passo.
– Resistência a Herbicidas: Verificar se há evidências de resistência de plantas daninhas locais a herbicidas específicos é crucial.
– Tipo de Cultura: Alguns herbicidas são seletivos, afetando apenas as plantas daninhas, enquanto outros podem prejudicar a cultura de soja se não forem usados adequadamente.
– Persistência do Herbicida: Alguns herbicidas são mais persistentes no solo do que outros, afetando a rotação de culturas e o uso subsequente do terreno.
– Custo e Eficiência: O custo dos herbicidas é um fator a ser considerado, mas a eficiência no controle das plantas daninhas também é crítica.
– Práticas de Manejo Integrado: A escolha do herbicida deve ser integrada a um plano geral de manejo de plantas daninhas que inclua práticas culturais para maximizar a eficácia e sustentabilidade do controle.
Em resumo, a escolha do herbicida deve ser baseada em uma análise cuidadosa de diversos fatores, incluindo o tipo de plantas daninhas presentes, a cultura de soja, as condições ambientais, as regulamentações e os custos. Consultar um agrônomo ou especialista em manejo de plantas daninhas pode ser valioso para tomar decisões informadas e eficazes.