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Inoculação e coinoculação de sementes: entenda como é feito e os benefícios para a agricultura 

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  • 24/06/2024

A inoculação da soja com bactérias do gênero Bradyrhizobium, responsáveis pela formação de nódulos nas raízes, onde promovem a FBN (fixação biológica de nitrogênio) por meio de interações simbióticas, é considerada uma prática sustentável. Esta técnica dispensa a adubação nitrogenada e proporciona maior economia ao produtor rural (Dalolio et al., 2018). É importante ressaltar que essas bactérias também apresentam outras habilidades, como a promoção do crescimento das plantas, principalmente das raízes, além da FBN.

Além da inoculação isolada, é possível realizar a coinoculação, que consiste na utilização de diferentes combinações de microrganismos (Bárbaro et al., 2009), como Azospirillum e Bradyrhizobium. Essa combinação pode favorecer a formação de sementes de elevada qualidade fisiológica, pois os efeitos positivos de cada gênero de bactéria são somados e potencializados.

A coinoculação combina uma prática já bem conhecida dos produtores: a inoculação das sementes de soja e feijoeiro com bactérias fixadoras de nitrogênio (rizóbios) com o uso de Azospirillum, uma bactéria conhecida por sua ação promotora de crescimento em gramíneas.

Inoculação

A inoculação é um processo agrícola, manual ou mecânico, que visa o contato físico entre a planta de soja (semente ou raízes) e os rizóbios, com o inoculante sendo a forma de fornecimento. As bactérias mais utilizadas para a nodulação da soja são Bradyrhizobium elkanii e B. japonicum, sendo que nem todas as espécies de rizóbios são capazes de nodular a soja. Durante a escolha do inoculante, deve-se atentar para a escolha correta do rizóbio, o prazo de validade e a concentração mínima bacteriana (1 x 10^9 células bacterianas/g ou ml) (Hungria; Campo; Mendes, 2007).

Coinoculação

A coinoculação ou inoculação mista consiste no uso de rizóbios da soja junto com outras bactérias associativas promotoras de crescimento vegetal, resultando em um sinergismo. Geralmente, utiliza-se Azospirillum brasiliense, que possui funções como: enraizador biológico; produtor de hormônios de crescimento de plantas, principalmente radicular, como auxinas, citocininas, giberelinas e etileno; indução de resistência a estresses ambientais, como doenças; aumento na FBN de 10–30 kg/ha; aumento na solubilização de fosfato e na infectividade dos rizóbios.

Benefícios da coinoculação

A coinoculação em soja com Bradyrhizobium + Azospirillum promove maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas, resultando em:

  • Nodulação precoce e mais abundante;
  • Aumento da fixação biológica de nitrogênio, devido à maior nodulação;
  • Maior absorção e aproveitamento de água e fertilizantes;
  • Maior tolerância a estresses ambientais, como a seca;
  • Contribuição para o vigor das plantas;
  • Aumento da produtividade.

Local e doses

As técnicas de inoculação e coinoculação podem ser realizadas tanto via tratamento de sementes (TS) quanto via sulco durante a semeadura. O primeiro método é bastante questionado, pois, além da inoculação, utiliza-se produtos fitossanitários como fungicidas, inseticidas e nematicidas, de natureza química e biológica, para controle de pragas e doenças. Esses agroquímicos podem influenciar negativamente a sobrevivência dos microrganismos advindos da inoculação e coinoculação, podendo reduzir ou até mesmo inibir a nodulação, tornando ineficaz a fixação biológica de nitrogênio (Denardin, 2014).

Aspectos a serem avaliados na nodulação:

Cor do nódulo: Nódulos avermelhados indicam boa atividade de fixação de nitrogênio, enquanto nódulos brancos podem indicar menor atividade.

Efeitos de uma FBN bem trabalhada:

  • Maior desenvolvimento radicular;
  • Maior sustentabilidade para o sistema de produção;
  • Raízes mais profundas;
  • Mais nitrogênio sendo fixado;
  • Maior quantidade de proteína;
  • Maior quantidade de clorofila;
  • Folhas mais ativas;
  • Maior fotossíntese.

Métodos e boas práticas de inoculação

  • Inocular as sementes à sombra;
  • As sementes inoculadas não devem ser expostas ao sol;
  • Após a inoculação, a semeadura deve ser realizada em até 18 horas;
  • Não misturar inoculantes, defensivos e fertilizantes na mesma calda.

Fatores que afetam o sucesso da inoculação e coinoculação

Os fatores que afetam o sucesso da inoculação de sementes incluem:

Qualidade do inoculante:

  • Concentração de Bactérias: A quantidade de bactérias viáveis no inoculante deve ser suficiente (mínimo de 1 x 10^9 células bacterianas/g ou ml).
  • Validade: O inoculante deve estar dentro do prazo de validade para garantir a viabilidade das bactérias.

Seleção de cepas:

  • Especificidade do Rizóbio: A cepa de rizóbio deve ser específica para a cultura a ser inoculada. Por exemplo, Bradyrhizobium japonicum e Bradyrhizobium elkanii são específicos para soja.
  • Compatibilidade: A cepa deve ser compatível com a variedade da planta e as condições ambientais locais.

Condições ambientais:

  • Temperatura do Solo: Temperaturas extremas (muito altas ou muito baixas) podem afetar a sobrevivência e a atividade das bactérias.
  • Umidade do Solo: A umidade adequada é crucial para a sobrevivência das bactérias e para o processo de nodulação.
  • pH do Solo: Solos muito ácidos ou muito alcalinos podem prejudicar a viabilidade e a eficiência das bactérias.

Método de aplicação:

  • Uniformidade: A aplicação do inoculante deve ser uniforme para garantir que todas as sementes recebam uma quantidade adequada de bactérias.
  • Proteção contra Luz Solar: As sementes inoculadas não devem ser expostas ao sol, pois a luz ultravioleta pode matar as bactérias.
  • Tempo de Plantio: Após a inoculação, as sementes devem ser plantadas o mais rápido possível, idealmente em até 18 horas, para garantir que as bactérias estejam vivas e viáveis.

Compatibilidade com produtos fitossanitários:

  • Fungicidas e Inseticidas: Produtos químicos utilizados no tratamento de sementes podem ser prejudiciais às bactérias. É essencial garantir que o inoculante seja compatível com outros produtos usados no tratamento de sementes.
  • Mistura de Produtos: Evitar misturar inoculantes com defensivos agrícolas e fertilizantes na mesma calda.

Condições do solo:

  • Fertilidade do Solo: Solos com alta disponibilidade de nitrogênio podem reduzir a necessidade e a eficácia da fixação biológica de nitrogênio.
  • Matéria Orgânica: Solos ricos em matéria orgânica podem oferecer um ambiente mais favorável para a sobrevivência das bactérias.

Boas práticas agronômicas:

  • Rotação de Culturas: Práticas como a rotação de culturas podem afetar a população de bactérias no solo e sua eficácia.
  • Preparo do Solo: O solo deve estar bem preparado para receber as sementes inoculadas, garantindo bom contato entre as sementes e o solo.

Monitoramento e avaliação:

  • Avaliação de Nodulação: Monitorar a nodulação das plantas no campo para avaliar a eficácia da inoculação.
  • Análises de Solo e Plantas: Realizar análises regulares para ajustar práticas de manejo conforme necessário.

Nutrientes Essenciais

Tanto macro quanto micronutrientes podem influenciar na melhor nodulação e maior fornecimento de N às plantas:

Fósforo (P): Fornecimento de ATP para os processos da FBN, como a nitrogenase;

Cálcio (Ca): Crescimento radicular;

Potássio (K): Translocação e regulação osmótica;

Magnésio (Mg): Clorofila e fotossíntese;

Enxofre (S): Formação de nódulos e grupos Fe-S;

Ferro (Fe): Transporte de elétrons e composição da leghemoglobina;

Cobalto (Co): Formação de vitamina B12, importante na formação da leghemoglobina;

Níquel (Ni): Urease e hidrogenase;

Boro (B): Divisão celular;

Zinco (Zn): Síntese de leghemoglobina;

Molibdênio (Mo): Nitrogenase, constituinte da molibdato-ferro-proteína;

Cobre (Cu): Ativador enzimático.

A leghemoglobina é capaz de carregar o oxigênio de dentro do sistema, para evitar que entre em contato com o nódulo, que é anaeróbico. Ela possui coloração vermelha, o que pode ser utilizado para identificar se o nódulo está ativo. Já a nitrogenase é uma enzima capaz de reduzir o azoto molecular (N2) a amônia (NH3), mas sua atuação é comprometida em meio com excesso de O2, destacando a importância da leghemoglobina.

Conclusão:

A inoculação de sementes, especialmente em culturas como a soja, é uma prática agrícola essencial que contribui significativamente para a sustentabilidade e a produtividade no campo. Através do uso de bactérias fixadoras de nitrogênio, como as do gênero Bradyrhizobium, é possível reduzir a necessidade de fertilizantes nitrogenados, proporcionando economia e benefícios ambientais.

Para maximizar o sucesso da inoculação, é crucial considerar diversos fatores, desde a qualidade do inoculante até as condições ambientais e práticas agronômicas. A coinoculação, que combina rizóbios com outras bactérias promotoras de crescimento como Azospirillum brasiliense, oferece benefícios adicionais, como aumento do desenvolvimento radicular, maior absorção de nutrientes e água, e maior tolerância a estresses ambientais.

Referências:

DALOLIO, R. S.; BORIN, E.; CRUZ, R. M. S.; ALBERTON, O. Co-inoculação de soja com Bradyrhizobium e Azospirillum. Journal of Agronomic Sciences, Umuarama, v. 7, n. 2, p.1-7, 2018.

DENARDIN, Norimar D’Avila. Tratamento de semente e inoculação em soja: Compatibilidade possível. 2014. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/artigos/tratamento-de-semente-e-inoculacao-emsoja-compatibilidade-possivel.

HUNGRIA, Mariangela; CAMPO, Rubens José; MENDES, Iêda Carvalho. A importância do processo de fixação biológica do nitrogênio para a cultura da soja: componente essencial para a competitividade do produto brasileiro. Embrapa Soja-Documentos (INFOTECA-E), 2007.

HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C.; GRAHAM, P. H. Contribution of biological nitrogen fixation to the N nutrition of grain crops in the tropics: the success of soybean (Glycine max (L.) Merr.) in South America. In: SINGH, R. P.; SHANKAR, N.; JAIWAL, P. K. (ed.). Nitrogen nutrition and sustainable plant productivity. Houston: Studium, 2006. cap. 2, p. 43-93

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