Impactos das queimadas na produção agrícola: Entenda os efeitos negativos para a agricultura
- 23/09/2024
Em agosto de 2024, as queimadas atingiram mais de 5,65 milhões de hectares — uma área equivalente ao estado da Paraíba. Os dados são da MapBiomas. Atualmente, o Brasil responde por 50% dos incêndios na América do Sul, com São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul sendo os estados mais afetados.
Fonte: Forbes Brasil
As queimadas têm um impacto profundo e imediato na agropecuária, setor que responde por 25% do PIB brasileiro. Elas destroem lavouras, pastagens e florestas usadas para o cultivo e a pecuária, reduzindo a oferta de alimentos como carne e grãos. Isso acontece porque a falta de chuvas compromete a qualidade do solo e a produtividade futura. No curto prazo, isso se traduz em aumentos significativos nos preços dos alimentos e, no longo prazo, prejudica o equilíbrio ambiental, essencial para a agricultura sustentável.
Impactos das queimadas nas áreas agrícolas
As queimadas em áreas agrícolas causam impactos profundos tanto na química quanto na biologia do solo, afetando diretamente sua fertilidade e, consequentemente, a produtividade agrícola. Vamos analisar esses impactos:
Impactos na química do solo
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Perda de nutrientes essenciais
A queima da vegetação remove rapidamente nutrientes presentes na matéria orgânica, como nitrogênio (N), enxofre (S) e carbono (C). Esses elementos são essenciais para a nutrição das plantas e são liberados na forma de gases durante a queima. O nitrogênio, por exemplo, é perdido como gás nitroso ou amônia, diminuindo sua disponibilidade no solo.
Efeito na produtividade: A escassez de nutrientes como o nitrogênio compromete o crescimento das plantas, diminuindo a produção de biomassa e a produtividade das culturas. -
Alteração no pH do solo
As queimadas podem elevar temporariamente o pH do solo, tornando-o mais alcalino devido às cinzas, que contêm carbonatos de cálcio e magnésio. Embora o aumento temporário do pH possa ser benéfico em solos ácidos, ele também pode causar desequilíbrios nutricionais ao inibir a disponibilidade de micronutrientes como ferro (Fe) e manganês (Mn).
Efeito na produtividade: O desequilíbrio de pH pode dificultar a absorção de nutrientes essenciais pelas plantas, comprometendo o desenvolvimento saudável das culturas. -
Mobilização de cátions e perda de nutrientes solúveis
As cinzas resultantes das queimadas aumentam a concentração de cátions como cálcio (Ca²⁺), potássio (K⁺) e magnésio (Mg²⁺) no solo. No entanto, esses nutrientes podem ser facilmente lixiviados pelas chuvas após a queima, já que o solo fica sem cobertura vegetal e exposto à erosão.
Efeito na produtividade: A lixiviação reduz a reserva de nutrientes no solo, forçando o agricultor a recorrer ao uso intensivo de fertilizantes para manter a produtividade.
Impactos na biologia do solo
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Redução da atividade microbiana
As queimadas afetam drasticamente a população de microrganismos do solo, como bactérias, fungos e actinobactérias, que desempenham papéis essenciais na decomposição da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes e fixação de nitrogênio. A alta temperatura destrói essas comunidades microbianas, interrompendo processos biológicos essenciais.
Efeito na produtividade: Com a diminuição da atividade microbiana, há uma redução na capacidade do solo de mineralizar nutrientes essenciais, o que afeta negativamente o crescimento das plantas. -
Eliminação da fauna edáfica
Organismos do solo, como minhocas, besouros e nematoides benéficos, são fundamentais para a aeração e estruturação do solo. Eles também ajudam no controle de pragas e doenças. As queimadas causam a mortalidade massiva desses organismos, comprometendo a qualidade do solo.
Efeito na produtividade: A ausência desses organismos resulta em solo mais compactado, menos permeável à água e ao ar, o que prejudica o desenvolvimento das raízes e reduz a capacidade do solo de sustentar o crescimento vigoroso das plantas. -
Perda de matéria orgânica e carbono
A queima da vegetação resulta na volatilização da matéria orgânica e na liberação de carbono na forma de CO₂. A matéria orgânica é crucial para a formação de agregados do solo, retenção de água e armazenamento de nutrientes. Sua perda degrada a qualidade do solo.
Efeito na produtividade: A redução da matéria orgânica deixa o solo menos fértil, com menor capacidade de reter água e nutrientes, o que afeta diretamente a produtividade das culturas, especialmente em condições de seca.
Resumo dos impactos na produtividade
- Diminuição da fertilidade do solo: A perda de nutrientes e a atividade biológica comprometida fazem com que o solo tenha menor capacidade de suportar o crescimento saudável das plantas, resultando em queda de produtividade.
- Necessidade de insumos químicos: A degradação da qualidade do solo exige maior uso de fertilizantes e insumos, aumentando os custos de produção e tornando o sistema agrícola menos sustentável.
- Risco de erosão: A ausência de matéria orgânica e a degradação da estrutura do solo aumentam a susceptibilidade à erosão, agravando a perda de solo fértil e reduzindo ainda mais a capacidade produtiva.
Esses impactos demonstram que o uso das queimadas em áreas agrícolas é insustentável a longo prazo, sendo fundamental adotar práticas agrícolas conservacionistas, como o plantio direto, uso de bioinsumos e manejo integrado, para preservar a química e a biologia do solo, garantindo maior produtividade e sustentabilidade.
Para evitar queimadas em áreas agrícolas e recuperar áreas que sofreram com essa prática, é necessário adotar uma série de medidas preventivas e corretivas que visam proteger o solo, a biodiversidade e a produtividade das lavouras.
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