Entenda o conceito do Manejo Integrado de Doenças
- 23/01/2023
As doenças se desenvolvem a partir de uma interação complexa entre três fatores distintos: hospedeiro, ambiente e patógeno. É estimado que 15% de todos os danos sejam causados por doenças em geral. A competência funcional dos vegetais é uma consequência direta do estado interno em que estes se encontram, seja pela nutrição, relação com estresses abióticos ou devido às doenças que enfrenta no momento.
Como comentado acima, a interação entre hospedeiro, ambiente e patógeno é o que possibilita o desenvolvimento de uma doença. Assim, vamos entender cada uma dos três pilares e, com isso, verificar quais podem ser as alternativas de manejo para dificultar a infecção, melhorar o ambiente e dar maior resistência ao hospedeiro.
O primeiro fator a ser tratado é o ambiente: será o que permite o desenvolvimento ou não de certo patógeno em um hospedeiro. Dentre as características mais importantes em relação ao ambiente, temos a temperatura, umidade relativa do ar e quantidade de chuvas. Estes fatores podem ser o diferencial entre o sucesso de uma infecção ou o combate eficiente à mesma. Contudo, outros fatores secundários também possuem sua importância com relação ao ambiente, como o sistema de plantio, vento, irrigação e preparo do solo.
Vale ressaltar que tudo isso está relacionado com a época de plantio, e é fundamental essa adequação para que se tenha um ambiente menos favorável ao desenvolvimento do patógeno. Há também, outro ponto fundamental: evitar a introdução de doenças em um determinado ambiente. Para isso, é possível optar pela utilização de materiais de propagação sadios, tanto as sementes como as mudas, além do controle adequado da limpeza de maquinários e equipamentos de outras áreas.
Abordando agora os patógenos, nós temos uma variedade de seres que podem causar doenças nas plantas, como fungos, bactérias, vírus, protozoários, nematóides e fitoplasmas. Dentre estes seres, os fungos representam a maioria das doenças das plantas, atingindo patamares de 70% de todas as doenças conhecidas. Posteriormente temos as bactérias e vírus, com 6% cada, e os nematóides, responsáveis por cerca de 2% do total.
Por fim, podemos tratar da importância do hospedeiro, que será o fator final na determinação da ocorrência ou não de uma doença. Assim, a susceptibilidade deste será, dentro de um ambiente propício, e na presença do patógeno, o que determinará o início de uma doença – e o que justifica, também o uso de materiais resistentes a determinados patógenos. O controle do hospedeiro também é fundamental em doenças que são específicas à alguma cultura, uma vez que a presença dessas plantas no campo pode resultar no aumento da disseminação na área – e, em determinados casos, a presença de restos culturais pode ser suficiente para manter o patógeno vivo até a próxima safra desta cultura.
Deste modo, conseguimos justificar a importância de um manejo em que se considera essas três esferas distintas antes da escolha do controle que será adotado. As formas de controle podem variar consideravelmente de acordo com o ambiente, patógeno e hospedeiro, mas tendem a seguir alguns padrões. Além disso, apesar de ser o mais comum, o controle químico não tem se mostrado tão eficiente como há alguns anos, especialmente por conta do aumento da pressão de seleção por organismos resistentes – derivados do uso contínuo do mesmo mecanismo de ação.
É desta maneira que se introduz um manejo conjunto, que pega os pontos fortes de diversas formas de controle e as une, de uma forma que os pontos fortes entrem em sinergia e os pontos fracos sejam amenizados. Assim, o manejo integrado de doenças se mostra uma alternativa eficiente e bastante prática para o aprimoramento das técnicas de controle de doenças, e, quando bem feito, pode ser o diferencial para alcançar as altas produtividades a nível de campo.