Doenças da soja: Impactos, fatores que afetam e principais doenças
- 30/10/2024
A ocorrência de doenças na cultura da soja representa um dos maiores desafios para a produtividade e qualidade da lavoura. As doenças podem ser causadas por diversos patógenos, como fungos, bactérias, nematoides e vírus, e o impacto vai muito além da simples redução de produtividade.
As doenças podem atingir todas as fases do ciclo da planta e têm condições de acarretar perdas de produtividade que variam de 10% a 20%, embora esse comprometimento possa chegar a 100% da produção, quando não há o manejo adequado.
Aproximadamente 40 doenças já foram identificadas na oleaginosa no Brasil. A importância econômica de cada uma varia de ano para ano e de região para região, dependendo principalmente das condições climáticas da safra.
Impactos da ocorrência de doenças:
Redução de produtividade: Doenças como ferrugem asiática, mancha-alvo e cancro da haste afetam diretamente a capacidade de desenvolvimento da planta, comprometendo o enchimento dos grãos e resultando em perdas de produtividade que, em casos graves, podem superar os 80%.
Aumento dos custos de produção: O controle de doenças envolve um manejo intensivo, com custos relacionados a fungicidas, mão de obra para aplicação, além da necessidade de monitoramento constante da lavoura. Em casos de surtos, os custos podem aumentar ainda mais devido à maior frequência de aplicação e à utilização de produtos de alta tecnologia.
Perda de qualidade dos grãos: Patógenos podem afetar diretamente os grãos, reduzindo sua qualidade e, consequentemente, seu valor de mercado. Isso pode ocorrer devido a manchas, desuniformidade no tamanho dos grãos e até menor teor de proteína e óleo, tornando o produto menos competitivo e lucrativo.
Fatores que afetam a ocorrência de doenças na lavoura
A ocorrência de doenças na cultura da soja é influenciada por um conjunto de fatores que favorecem o desenvolvimento dos patógenos e a infecção das plantas. Esses fatores podem ser agrupados em três principais categorias: condições climáticas, manejo da lavoura e características da cultivar.
Condições climáticas
O clima é um dos principais fatores que favorecem a ocorrência de doenças na soja. Muitos patógenos prosperam em ambientes quentes e úmidos, típicos de regiões produtoras de soja. Os principais aspectos climáticos que contribuem para o desenvolvimento de doenças são:
- Alta umidade: A presença de umidade constante no solo e na folhagem, especialmente devido a chuvas frequentes ou irrigação, cria um ambiente propício para fungos e bactérias.
- Temperatura: Patógenos como a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) prosperam em temperaturas entre 18°C e 26°C, enquanto outras doenças podem preferir temperaturas um pouco diferentes.
- Orvalho e períodos de molhamento foliar: Períodos prolongados de molhamento foliar, como os causados pelo orvalho, criam condições ideais para esporos de fungos germinarem e infectarem as plantas.
Manejo da lavoura
O manejo inadequado da cultura da soja pode aumentar a incidência e a severidade das doenças, seja por permitir a presença de inóculo no campo ou por criar condições que favoreçam a proliferação dos patógenos. Alguns aspectos importantes do manejo incluem:
- Rotação de culturas: O plantio contínuo de soja na mesma área contribui para o acúmulo de patógenos no solo. A rotação com culturas não hospedeiras reduz a pressão de inóculo e dificulta a sobrevivência de patógenos específicos da soja.
- Densidade de plantio: Altas densidades de plantio reduzem a circulação de ar entre as plantas, aumentando a umidade relativa e favorecendo o desenvolvimento de fungos e bactérias.
- Restos culturais: A presença de restos culturais infectados no campo facilita a sobrevivência de patógenos, que utilizam esses resíduos como fonte de inóculo para infecções em safras subsequentes.
Características da cultivar
A escolha da cultivar de soja também influencia a ocorrência de doenças. Certas variedades apresentam resistência genética a determinados patógenos, enquanto outras são mais suscetíveis.
- Susceptibilidade genética: Plantas sem resistência genética a patógenos específicos têm maior risco de infecção. O uso de cultivares resistentes é uma prática fundamental para o manejo integrado de doenças.
- Maturação: A época de maturação da cultivar pode influenciar a exposição das plantas a condições climáticas favoráveis aos patógenos. Cultivares de ciclo mais longo podem ser mais expostas a períodos favoráveis ao desenvolvimento de doenças.
Entender esses fatores ajuda os produtores a adotarem práticas preventivas e corretivas que minimizem o impacto das doenças, integrando manejo cultural, resistência genética e monitoramento climático para uma lavoura de soja mais saudável e produtiva.
Principais doenças da soja
As doenças podem ocorrer em todo o ciclo da cultura ou em períodos específicos (estádios de desenvolvimento). As principais doenças da soja são:
- Ferrugem asiática
- Mancha-alvo
- Oídio
- Mofo-branco
- Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente
- Antracnose
- Mancha parda ou septoriose
- Mancha olho-de-rã
- Cancro da haste
- Mela ou requeima
- Podridão de carvão das raízes