Diagnóstico visual de plantas
- 18/03/2024
A avaliação visual para diagnóstico consiste em comparar a aparência (cor, tamanho, forma) da amostra (planta, ramos, folhas) com um padrão estabelecido. Normalmente, a folha é o órgão de comparação preferido, pois reflete melhor o estado nutricional da planta. Como as folhas são os principais locais de ocorrência dos processos metabólicos nas plantas, elas são os órgãos mais sensíveis às variações nutricionais.
Quando há falta ou excesso de um nutriente, isso se manifesta em sintomas visíveis, que são característicos para determinados elementos. Isso ocorre porque cada nutriente desempenha funções específicas em todas as espécies de plantas, seguindo um padrão constante. Esse é o princípio fundamental do método de diagnóstico visual.
É importante ressaltar que os sintomas visuais de deficiência ou toxicidade são o resultado final de uma série de problemas metabólicos irreversíveis. Quando esses sintomas aparecem, geralmente significa que a produção já foi comprometida.
Em algumas situações, o crescimento e a produção podem ser limitados sem que os sintomas típicos se manifestem, o que é conhecido como “fome oculta” ou “toxicidade oculta”. Isso ocorre quando a deficiência ou o excesso são leves.
Como identificar sintoma de deficiência nutricional
Na prática, os sintomas de deficiência nutricional podem ser confundidos com outros sintomas originados por fatores não relacionados à nutrição, o que torna o diagnóstico mais desafiador. Fatores bióticos (relacionados à vida, como pragas e doenças) e abióticos (não relacionados à vida, como condições climáticas extremas, características físicas do solo e exposição a produtos químicos) podem causar sintomas semelhantes aos causados por deficiências nutricionais.
Portanto, ao realizar o diagnóstico visual, é essencial considerar algumas indicações que ajudam a minimizar a possibilidade de erros no diagnóstico:
Generalização do sintoma:
Se o sintoma visual for de origem nutricional, o mesmo aparece generalizado em todas as plantas, não ocorrendo em uma ou outra planta ou em reboleira.
O aparecimento de reboleiras, de maneira geral, tem sua origem em manchas de afloramento de rochas no terreno (solos rasos), acúmulo de água em depressões do solo (encharcamento), ataque de pragas ou doenças.
Características do sintoma:
Os sintomas de origem nutricional apresentam duas características não apresentadas pelos de origem não nutricional:
Simetria: os sintomas de origem nutricional ocorrem de maneira simétrica na
folha e entre folhas do mesmo par ou próximas no ramo, e aparecem
independentemente da face de exposição da planta.
Gradiente: refere-se às diferenças de coloração entre folhas velhas e novas
do ramo, devido à redistribuição dos nutrientes na planta.
Se o nutriente for móvel, em condições de carência a planta promove sua remobilização das folhas velhas para as novas ou frutos, e os sintomas se manifestam nas folhas velhas.
O contrário ocorre com os nutrientes pouco móveis e imóveis, para os quais os sintomas ocorrem nas folhas novas.
Alguns nutrientes promovem sintomas muito parecidos entre si e o gradiente é uma importante ferramenta para um diagnóstico mais seguro.
Por exemplo: N e S – clorose (amarelecimento) generalizada no limbo foliar;
Mg e Mn – clorose internerval;
K e Ca – clorose e posterior necrose nos bordos das folhas. De cada exemplo,
Os primeiros, por serem móveis, ocorrem em folhas velhas e os segundos, por serem pouco móveis ou imóveis (caso do Ca), os sintomas ocorrem nas folhas novas.
Sintomas típicos de cada nutriente:
Macronutrientes:
Nitrogênio (N):
- Folhas mais velhas tornam-se amarelas (clorose) começando pelas margens.
- Redução do crescimento das folhas e caules.
- Plantas podem apresentar um crescimento desuniforme.
Fósforo (P):
- Folhas mais velhas desenvolvem uma tonalidade roxa ou avermelhada.
- Crescimento reduzido, especialmente nas raízes.
- A produção de flores e frutos diminuiu.
Potássio (K):
- Margens foliares tornam-se necróticas ou secas.
- Folhas podem ficar amareladas ou marrons, começando pelas margens.
- Frutos podem apresentar menor qualidade e tamanho.
Cálcio (Ca):
- Folhas novas ou ponteiros jovens das plantas tornam-se necróticos.
- Crescimento das raízes reduzido.
- Podridão apical em frutos, como o caso do tomate (ponta queimada).
Magnésio (Mg):
- Clorose intervenal nas folhas mais velhas, mantendo as veias verdes.
- A clorose começa nas bordas das folhas e avança para o centro.
- Redução na produção de clorofila, levando a folhas amareladas.
- Pode ocorrer redução no crescimento e desenvolvimento geral da planta.
Enxofre (S):
- Clorose geral nas folhas mais jovens.
- As folhas podem tornar-se amareladas, especialmente entre as nervuras.
- O crescimento pode ser reduzido.
- As plantas podem apresentar um amadurecimento incompleto dos frutos.
- Redução na produção de proteínas.
Micronutrientes:
Ferro (Fe):
- Clorose intervenal nas folhas mais jovens, mantendo as veias verdes.
- Crescimento reduzido devido à clorose.
Manganês (Mn):
- Clorose intervenal semelhante ao da deficiência de ferro, mas com coloração mais esverdeada.
- Manchas marrons ou necrose nas folhas.
Zinco (Zn):
- Redução no tamanho das folhas.
- As folhas podem tornar-se cloróticas, principalmente nas bordas.
- Internódios curtos e folhas pequenas.
Cobre (Cu):
- Folhas jovens desenvolvem clorose nas pontas e margens.
- Crescimento reduzido e folhas torcidas.
Boro (B):
- Pontos de crescimento morrem e brotos laterais podem crescer excessivamente.
- Folhas jovens podem tornar-se espessas e quebradiças, com manchas necróticas.
Molibdênio (Mo):
- Clorose entre as veias das folhas mais velhas.
- Redução no crescimento e produção de frutos.
Cloro (Cl):
- Clorose foliar começando pelas margens.
- As folhas podem apresentar manchas necróticas.
Em conclusão, o diagnóstico visual de plantas é uma ferramenta crucial para identificar deficiências ou excessos nutricionais, bem como outras condições que afetam o desenvolvimento saudável das plantas. A compreensão dos sintomas e características visuais associadas a cada nutriente permite aos agricultores e especialistas em jardinagem tomar medidas corretivas adequadas para garantir a saúde e o crescimento vigoroso das plantas. No entanto, é importante lembrar que o diagnóstico visual deve ser complementado por análises laboratoriais e conhecimento específico sobre as condições ambientais e culturais das plantas. Ao adotar uma abordagem holística e criteriosa, podemos otimizar a nutrição das plantas e promover uma agricultura e jardinagem sustentáveis e produtivas.
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