Controle biológico de pragas: entenda como ele é realizado e quais são os agentes de biocontrole
- 15/05/2024
O controle biológico de pragas na agricultura é uma abordagem sustentável e ecológica que utiliza organismos vivos para controlar populações de pragas que ameaçam as culturas agrícolas. Esta técnica se baseia na introdução, promoção ou conservação de inimigos naturais das pragas, como predadores, parasitas, patógenos e competidores, para manter as populações de pragas abaixo de níveis que causariam danos econômicos significativos.
Principais métodos de controle biológico
Introdução clássica:
Importação de inimigos naturais: Envolve a introdução de inimigos naturais de pragas exóticas. Um exemplo histórico é a introdução da joaninha Rodolia cardinalis para controlar a cochonilha australiana nos laranjais da Califórnia no final do século XIX.
Aumento:
Liberação inoculativa: Pequenas quantidades de inimigos naturais são liberadas para estabelecer uma população que, eventualmente, se multiplica e controla a praga.
Liberação inundativa: Grandes quantidades de inimigos naturais são liberadas para um controle rápido e imediato da praga, muitas vezes utilizado em culturas de ciclo curto.
Conservação:
Manejo do habitat: Envolve a criação de condições favoráveis para a sobrevivência e eficácia dos inimigos naturais, como o plantio de culturas de cobertura e a preservação de habitats naturais.
Redução do uso de pesticidas: Minimizar o uso de pesticidas químicos que podem matar inimigos naturais, permitindo que estes organismos mantenham as pragas sob controle.
Tipos de agentes de controle biológico
Os agentes de controle biológico, também conhecidos como inimigos naturais, incluem predadores, parasitoides e patógeno. Predadores e parasitoides são categorizados como entomófagos, enquanto os patógenos são chamados de entomopatógenos.
Predadores são organismos que vivem livremente durante todo o seu ciclo de vida e predam sua presa, geralmente sendo de tamanho maior do que esta. Para seu desenvolvimento completo, muitas vezes requerem várias presas. Por outro lado, os parasitoides são organismos frequentemente do mesmo tamanho que seu hospedeiro, que o matam e geralmente necessitam apenas de um hospedeiro para completar seu ciclo de vida, sendo o adulto de vida livre. O termo patógeno refere-se a microrganismos que vivem e se reproduzem dentro ou sobre um organismo hospedeiro.
Além dos microrganismos, como fungos, bactérias, vírus e protozoários, os nematoides, embora não sejam microrganismos, também são considerados agentes entomopatogênicos utilizados no controle biológico. Este último é uma subcategoria do controle biológico estudada no campo da Patologia dos Insetos.
Predadores
Os predadores necessitam de mais de uma presa para completar seu ciclo de vida e, geralmente, são generalistas, o que lhes confere a capacidade de manter-se na área mesmo na ausência da praga-alvo, utilizando outras fontes de recurso alimentar, como presas alternativas ou alimento derivado de plantas (Stiling; Cornelissen, 2005).
Um princípio básico da predação é que os predadores precisam subjugar ou capturar suas presas para poder matar e se alimentar delas. Embora os predadores sejam geralmente maiores e mais fortes que suas presas, existem exceções.
Parasitoides
Os parasitoides são fundamentais no controle biológico, seja pelo método clássico ou pelo método aumentativo. Até 1990, representaram mais de 80% dos casos de sucesso de controle biológico para mais de 120 espécies de pragas em todo o mundo.
A maioria dos parasitoides deposita seus ovos diretamente no corpo dos hospedeiros, tanto interna quanto externamente (Brodeur; Boivin, 2004). Os mecanismos de oviposição variam entre os diferentes grupos de parasitoides.
Fungos entomopatogênicos
Os fungos entomopatogênicos são espécies capazes de provocar doenças ou a morte de insetos, representando um grupo diversificado e filogeneticamente importante com grande relevância ecológica e econômica.
Devido ao seu modo peculiar de ação, muitos fungos conseguem infectar invertebrados e causar a morte em diferentes estágios de desenvolvimento, inclusive em fases não alimentares, como ovos e pupas. Pragas importantes em diversas culturas, como pulgões, moscas-brancas, tripes, cochonilhas e ácaros, são alvo desses fungos.
Bactérias entomopatogênicas
As bactérias são classificadas como microrganismos inferiores pertencentes ao reino Protista, constituindo o maior e mais diversificado grupo dentro desse conjunto.
O processo de infecção começa quando as larvas ingerem os esporos dessas bactérias durante sua alimentação. Em seguida, ocorre a germinação dos esporos no fluido alcalino do intestino médio da larva, seguida pela penetração das células vegetativas na hemocele do inseto. Quando a célula vegetativa atinge o lado luminal da membrana basal, ocorre o ciclo primário de multiplicação da bactéria, e a larva infectada não forma pupa e morre, possivelmente devido à perda de reservas lipídicas. Após o período de crescimento na hemolinfa, a bactéria esporula, e com a desintegração do cadáver, os esporos são liberados no solo.
Vírus entomopatogênicos
Os vírus, que constituem um grupo de parasitas intracelulares obrigatórios, usam a estrutura de uma célula hospedeira para replicar seu material genético e apresentam uma grande capacidade de multiplicação, sendo provavelmente capazes de infectar todas as formas celulares de vida (Simmonds et al., 2017).
A principal família de vírus de interesse entomológico é a Baculoviridae, cujos principais representantes pertencem ao gênero Baculovirus.
Os vírus penetram nos hospedeiros principalmente através da ingestão de alimentos contaminados, como folhas e caules de plantas, sendo o estado larval o mais suscetível
Quer aprender mais sobre o tema?
Em nosso canal do YouTube tem uma série de aulas sobre controle biológico para você maratonar.
Controle biológico: Conceitos iniciais
Controle de biológico de pragas
E para você que deseja se especializar e dominar o controle biológico, neste mês de maio assinantes FarmFlix Premium terão acesso a um curso intensivo exclusivo sobre controle biológico. Aulas ao vivo com especialistas e momento para tirar dúvidas.
Garanta o seu acesso: QUERO SER ASSINANTE PREMIUM
Conclusão
O controle biológico de pragas é uma ferramenta crucial para a agricultura sustentável, oferecendo uma alternativa viável e ecologicamente correta aos pesticidas químicos. Com um planejamento adequado e a integração de conhecimentos ecológicos, ele pode proporcionar um controle eficiente das pragas, contribuindo para a segurança alimentar e a conservação do meio ambiente.