Como acontece o transporte de açúcares nas plantas?
- 14/04/2023
Todos nós sabemos que, ao final do dia, a produtividade é o que determina se tivemos sucesso ou não em uma determinada safra. Assim, é de interesse geral que, no caso dos grãos, estes apresentem o maior peso possível, aumentando as margens de lucro de quem os produz. Mas, como podemos fazer isso? Uma das respostas pode ser encontrada ao entendermos em profundidade a fisiologia do enchimento de grãos.
O transporte de açúcares nas plantas é complexo, e segue normalmente o fluxo denominado de relação “fonte x dreno”. Essa relação explicita o local em que os açúcares são produzidos em quantidades maiores do que consumidos (fontes) e locais que consomem mais açúcares que produzem (drenos).
De maneira geral, as folhas são as mais relevantes fontes para as plantas, tornando-se autossuficientes na produção de carboidratos quando atingem mais de 25% do seu tamanho final nas plantas. Já as raízes, órgãos de acúmulo ou órgãos reprodutivos são os drenos, umas vez que não produzem carboidratos de maneira suficiente para se sustentarem.
A diferença entre a fotossíntese e a respiração celular (produção e consumo de carboidratos) é denominada fotossíntese líquida, e será fundamental para entender como podemos melhorar o transporte de açúcares nas fases finais de desenvolvimento das plantas.
Qualquer tipo de estresse, independentemente de sua origem, pode diminuir a quantidade de carbono fixado pelas folhas, reduzindo a produção de carboidratos. Além disso, os estresses tendem a fazer os vegetais acumularem as espécies reativas de oxigênio (ERO’S), que danificam tecidos celulares e ainda aumentam a quantidade de respiração necessária para a planta se manter viva. Desta forma, concluímos que a primeira maneira aumentar o peso final dos grãos é evitar ou preparar a planta para os estresses que possam ser enfrentados durante seu ciclo.
Dentre os nutrientes fundamentais para essa fase, podemos citar 4 -> Fósforo, potássio, magnésio e boro. Vamos entender o funcionamento de cada um desses:
O fósforo vai ser fundamental para todo o metabolismo energético da planta, uma vez que forma as moléculas de ATP. Como já vimos, essas moléculas fornecem energia para diversos processos metabólicos, incluindo as reações bioquímicas da fotossíntese e para todo o transporte de açúcares.
No caso da deficiência de P, todo o processo de transformação de açúcares é encerrado ou diminuído, resultando no acúmulo de carboidratos e na paralisação dos ciclos bioquímicos. Além disso, a planta passa a acumular ERO’s no citoplasma devido à incidência de luz e acúmulo de elétrons que não são usados para a produção de ATP (uma vez que o fim do ciclo foi interrompido). Uma das maneiras de diminuir o estresse oxidativo causado é pela produção de pigmentos antioxidantes, sendo o principal deles, a antocianina. Por conta deste efeito vemos um arroxeamento característico da deficiência nutricional de P nas folhas de plantas.
O magnésio também é fundamental para o transporte de açúcares pelo floema, uma vez que sua deficiência pode acumular os açúcares nas folhas das plantas, impedindo sua translocação de acordo com os drenos fisiológicos das plantas. Quando os açúcares se acumulam, como já vimos, ERO’s são formados, podendo causar necrose e senescência foliar.
O potássio é um importante ativador enzimático, mas sua função no transporte de açúcares se dá principalmente ao manter a concentração iônica adequada no floema. Desbalanços nesse equilíbrio podem resultar na baixa translocação de carboidratos e diminuição da produtividade, por falhas fisiológicas no período do enchimento dos grãos.]
Por fim, o boro pode ser colocado como imprescindível nesta fase pois é diretamente ligado à produção e transformação de açúcares dentro dos vegetais. Além disso, atua também na manutenção dos teores adequados de auxinas, fundamental para a formação adequada dos vasos das plantas, o xilema e o floema.