Classificação dos herbicidas: época de aplicação, seletividade e mecanismo de ação
- 19/08/2024
Os herbicidas são substâncias químicas capazes de selecionar populações de plantas. O termo “seleção” se refere à atuação desses produtos, provocando a morte de certas plantas e de outras não. De acordo com Zimdhal (1993), a etmologia da palavra vem do latim Herba (planta) e caedere (matar).
Características dos herbicidas:
Para herbicidas aplicados ao solo, também é de grande importância o conhecimento de suas características químicas e físicas, especialmente pH, textura e teor de carbono orgânico, uma vez que essas propriedades podem influenciar a escolha da dose a ser utilizada. Além desses dois pontos básicos, os seguintes itens devem ser considerados na escolha do tratamento a ser utilizado, entre outros:
- Registro do herbicida para uso na cultura;
- Eficiência sobre a infestação predominante na área;
- Estádio de desenvolvimento das plantas daninhas;
- Estimar qual o período de controle que se necessita;
- Custo por unidade de área;
- Disponibilidade para aquisição no mercado local;
- Menor toxicidade para o homem e ambiente;
- Efeito residual para culturas em rotação;
- Menor potencial de contaminação ambiental (deriva, lixiviação, “runoff”);
- Adequação do equipamento disponível para aplicação;
- Maior flexibilidade quanto à época de aplicação;
- Adequação ao sistema de plantio adotado na propriedade (direto/convencional);
- Potencial de seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes aos herbicidas.
Formas de classificação de herbicidas
Existem diversas formas de classificar os herbicidas, embora nenhuma delas seja completamente adequada ou definitiva. A maioria das classificações abordam apenas certos aspectos relacionados ao comportamento dos produtos ou às suas características
Classificação segundo a seletividade
O conhecimento a respeito da seletividade de um herbicida é um pré-requisito básico para seu uso ou recomendação, uma vez que revela quais as plantas que ele afeta e quais são menos sensíveis ao produto
Herbicidas seletivos: matam ou restringem severamente o crescimento de plantas daninhas numa cultura, sem prejudicar as espécies de interesse além de um nível aceitável de recuperação
Herbicidas não seletivos: são aqueles de amplo espectro de ação, capazes de matar ou injuriar severamente todas as plantas, quando aplicados nas doses recomendadas.
Classificação segundo a translocação
Herbicidas com ação de contato: Não se translocam ou se translocam de forma muito limitada. Só causam danos nas partes que entram em contato direto com os tecidos das plantas, necessitando, portanto, de uma boa cobertura por ocasião da aplicação.
Herbicidas de ação sistêmica: Normalmente são caracterizados pelo efeito mais demorado, crônico. A translocação pode ocorrer pelo xilema, pelo floema, ou através de ambos, dependendo do herbicida e da época de aplicação
Classificação quanto à época de aplicação
Praticamente todos os herbicidas devem ser aplicados em um momento em particular para que o controle e a seletividade sejam maximizados. Portanto, saber quando aplicá-los para obter o efeito desejado é essencial para o uso adequado e racional do controle químico
Herbicidas aplicados em pré-plantio incorporado (PPI): Refere-se aos produtos que são aplicados ao solo e que posteriormente precisam de incorporação mecânica ou através de irrigação.
Herbicidas aplicados em pré-emergência (PRÉ): A aplicação é feita após a semeadura ou plantio, mas antes da emergência da cultura, das plantas daninhas ou de ambas.
Herbicidas aplicados em pós-emergência (PÓS): Em aplicações em pós-emergência, o produto deve ser absorvido em maior parte via foliar, além da cultura normalmente necessitar ter uma boa tolerância à exposição direta ao produto.
Classificação segundo o mecanismo de ação
Modo de ação – conjunto de eventos metabólicos que resultam na expressão final do herbicida sobre as plantas, incluindo os sintomas visíveis (engloba o mecanismo de ação). Portanto, o modo de ação representa todo o comportamento do herbicida desde seu contato com a planta até a expressão final do seu efeito tóxico;
Mecanismo de ação – primeiro evento metabólico (sítio de ação) das plantas onde o herbicida atua. Assim, o mecanismo de ação está inserido no modo de ação do herbicida.
- a) Inibidores da ACCase – atuam inibindo a ação da enzima acetil coenzima A carboxilase (ACCase);
- b) Inibidores da ALS ou AHAS – atuam inibindo a ação da enzima acetolactato sintase (ALS) que também pode receber o nome de acetohidroxi ácido sintase (AHAS), dependendo da reação que inibe (mais detalhes no capítulo 4);
- c) Inibidores do FSII – atuam inibindo o transporte de elétrons no fotossistema II (não-enzimático);
- d) Inibidores do FSI – atuam inibindo o transporte de elétrons no fotossistema I (não-enzimático);
- e) Inibidores da PROTOX (ou PPO) – atuam inibindo a ação da enzima protoporfirinogênio oxidase (PROTOX ou PPO);
- f) Inibidores da biossíntese de carotenoides – atuam inibindo duas enzimas, uma conhecida (4-HPPD) e outra ainda desconhecida, sendo, assim, subdivididos em dois grupos:
- f1) Inibidores da HPPD – atuam inibindo a ação da enzima 4-hidroxifenil-piruvato dioxigenase (4-HPPD);
- f2) Inibidores da síntese de carotenoides com ação em enzima desconhecida – ação semelhante aos herbicidas do item f1;
- g) Inibidores da EPSPs – atuam inibindo a ação da enzima 5-enolpiruvil chiquimato-3-fosfato sintase (EPSPs);
- h) Inibidores da GS – atuam inibindo a ação da enzima glutamina sintetase (GS);
- i) Inibidores da divisão celular – atuam inibindo a divisão celular (não-enzimáticos), sendo divididos em dois grupos:
- i1) Inibidores do arranjo de microtúbulos – atuam inibindo a formação das fibras dos microtúbulos, impedindo a movimentação dos cromossomos e causando, assim, a interrupção da divisão celular na Prófase;
- i2) Inibidores da biossíntese de ácidos graxos de cadeira muito longa – o mecanismo exato de ação ainda não é conhecido, mas se sabe que afetam a síntese proteica, inibindo, assim, a divisão celular;
- j) Inibidores da biossíntese de lipídeos (não-ACCase) – atuam inibindo a síntese de lipídeos, proteínas, isoprenoides e flavonoides, mas o mecanismo exato de ação não é conhecido;
- k) Mimetizadores de auxinas (ou Auxinas sintéticas) – apresentam ação semelhante à auxina (não-enzimático), porém potencializada, induzindo mudanças metabólicas e bioquímicas no metabolismo de ácidos nucleicos e na plasticidade da parede celular;
Como dominar mecanismos de ação e manejo de plantas daninhas
Ter conhecimento para recomendar o produto certo, na dose e no momento ideal de aplicação, é essencial para o manejo da lavoura e para evitar problemas como fitotoxicidade e redução da produtividade.
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