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Biologia do solo: Entenda a sua importância, fatores que afetam e como melhorar a biologia do solo.

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  • 17/04/2024

A fração viva do solo é essencial para seu funcionamento, sendo a esta atribuídos muitos processos que regem a manutenção e a funcionalidade dos solos.

Composição do solo

O solo, em sua essência, é considerado um sistema trifásico, apresentando as três fases principais da matéria: sólida, líquida e gasosa. Cada uma dessas fases desempenha um papel crucial na dinâmica do solo e na sua capacidade de sustentar a vida.

A fase sólida do solo é composta principalmente por minerais e matéria orgânica. Os minerais são formados a partir da decomposição de rochas ao longo de milhares ou até mesmo milhões de anos, enquanto a matéria orgânica é constituída por restos de plantas, animais e microrganismos em diferentes estágios de decomposição. Esses componentes conferem ao solo sua estrutura física e química, determinando sua fertilidade e capacidade de retenção de água e nutrientes.

A fase líquida do solo é representada pela água, que preenche os espaços vazios entre as partículas sólidas. A água no solo desempenha um papel crucial no transporte de nutrientes para as raízes das plantas, na regulação da temperatura do solo e na sustentação de comunidades microbiológicas essenciais para a saúde do ecossistema.

Por fim, a fase gasosa do solo é composta principalmente por ar, ocupando os espaços porosos entre as partículas sólidas e líquidas. O ar do solo é vital para a respiração das raízes das plantas e dos microrganismos do solo, bem como para a oxigenação dos processos biogeoquímicos que ocorrem no interior do solo.

Vamos entender um pouco sobre a biologia do solo e como ela influencia na qualidade do solo.

Organismos do solo: microrganismos e fauna do solo

O solo é um sistema biológico dinâmico, considerado o principal reservatório da diversidade biológica, onde podemos observar uma malha estreita de inter-relações dos organismos presentes, sendo essa malha essencial para a manutenção do equilíbrio ecológico, como por exemplo, na manutenção da ciclagem de nutrientes neste ambiente bastante complexo que apresenta peculiaridades que o tornam um sistema único na biosfera (RAAIJMAKERS et al., 2009; BERENDSEN et al., 2012).

Os organismos do solo são diversos e numerosos. Em função do seu tamanho eles podem ser divididos em microrganismos e macrorganismos. O grupo dos microrganismos é formado por bactérias, fungos, algas e protozoários. Esse grupo também é denominado de microflora. Já o grupo dos macrorganismos inclui, por exemplo, nematóides, minhocas e cupins

A macrofauna tem a habilidade de criar seus espaços através da sua atividade, gerando bioporos e galerias no interior do solo.

Principais funções dos microrganismos e da fauna do solo

No solo as bactérias realizam diversos processos essenciais no ciclo da vida como:

– decomposição de resíduos orgânicos de origem vegetal e animal.

– transformações biogeoquímicas e ciclagem de elementos como nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S).

– síntese de substâncias húmicas.

– fixação de N2 atmosférico.

– agregação do solo.

– degradação de xenobióticos

– produção de antibióticos (p.ex. Streptomyces).

A principal atividade da maioria dos fungos corresponde à decomposição de materiais vegetais ricos em celulose e lignina. Os fungos através de suas hifas também auxiliam na agregação do solo, unindo partículas minerais e microagregados em macroragregados. 

Além disso, podem agir como agentes de controle biológico e formar simbiose mutualística

com plantas (micorrizas) e algas ou cianobactérias (líquens). 

Embora os microrganismos sejam responsáveis por mais de 90% da atividade que ocorre no solo, a fauna apresenta importante função nesse ambiente. A microfauna em função de seu tamanho reduzido apresenta pouco efeito sobre alterações diretas na estrutura do solo. Todavia eles afetam a disponibilidade de nutrientes no solo através de interações com microrganismos.

Fatores que afetam os microrganismos e a fauna do solo

As práticas de manejo utilizadas em sistemas agrícolas podem afetar de forma direta e indireta os organismos do solo. 

Os impactos diretos correspondem à ação mecânica de equipamentos, efeitos tóxicos do uso de agroquímicos e ação do fogo. Os efeitos indiretos estão relacionados à modificação do ambiente e dos recursos alimentares. Os organismos apresentam alguma variação sazonal, principalmente, associada aos fatores climáticos, como temperatura e umidade. 

As principais práticas de manejo do solo que exercem impactos negativos sobre os organismos do solo são:

– Preparo do solo. O uso repetido do preparo do solo com lavração e gradagem ocasiona um empobrecimento gradativo do solo em nutrientes e em matéria orgânica. Uma consequência disso é a diminuição da diversidade no solo, já que a cadeia alimentar dos organismos do solo depende da ciclagem de nutrientes, garantida pela decomposição da matéria orgânica.

– Queima de áreas para fins de plantio ou colheita. Além da eliminação direta de praticamente todos os organismos que vivem na superfície do solo, a eliminação dos resíduos culturais altera o ambiente e reduz a fonte de alimento.

– Remoção dos resíduos culturais da superfície do solo. Essa prática promove a perda de umidade pelo solo e proporciona maiores variações de temperatura, o que afeta negativamente as populações de organismos do solo. Além disso, ocorre uma diminuição de alimento para os organismos do solo, haja vista, que os resíduos culturais são a principal fonte de C para o solo.

– Uso de monocultura. Essa prática torna o sistema mais simplificado, ocasionando uma diminuição na diversidade de organismos no solo. Isso em função da monocultura favorecer apenas os organismos que se adaptarem aquela condição. Além disso, a monocultura leva normalmente a uma maior incidência de organismos considerados patógenos.

– Aplicação agroquímicos. Quanto aos agroquímicos, os herbicidas em geral têm um efeito inibidor nas populações da fauna do solo, no entanto, menos pronunciado que os fungicidas e inseticidas. Os inseticidas apresentam efeitos negativos tanto sobre a macrofauna quanto a mesofauna.

Práticas agrícolas que melhoram a biologia do solo

Para melhorar a biologia do solo e promover um ambiente mais saudável para o crescimento das plantas, diversas estratégias e práticas de manejo podem ser adotadas. Aqui estão algumas delas:

Rotação de culturas: Alternar o tipo de culturas plantadas em determinada área ao longo do tempo ajuda a diversificar os nutrientes e a microbiota do solo, evitando o esgotamento de nutrientes específicos e reduzindo a incidência de doenças e pragas.

Plantio de culturas de cobertura: Culturas de cobertura, como trevo, aveia, centeio, entre outras, são plantadas entre os ciclos principais de cultivo para proteger o solo da erosão, melhorar sua estrutura e adicionar matéria orgânica quando incorporadas ao solo.

Compostagem: A aplicação de composto orgânico proveniente de resíduos vegetais e animais pode enriquecer o solo com nutrientes essenciais e promover o crescimento de microrganismos benéficos.

Adubação orgânica: O uso de adubos orgânicos, como esterco, compostos orgânicos e farinha de ossos, ajuda a fornecer nutrientes de maneira gradual e sustentável, promovendo a saúde do solo e das plantas.

Conservação da cobertura vegetal: Manter a cobertura vegetal na superfície do solo, seja por meio de restos de culturas, palhada ou vegetação nativa, ajuda a proteger o solo da erosão causada pela água e pelo vento, além de fornecer matéria orgânica quando decomposta.

Práticas de cultivo mínimo: Reduzir a perturbação do solo por meio de técnicas como plantio direto, onde as sementes são inseridas diretamente na palhada da cultura anterior, ajuda a preservar a estrutura do solo e a vida microbiana.

Uso de biofertilizantes e inoculantes: A aplicação de produtos contendo microrganismos benéficos, como bactérias fixadoras de nitrogênio e micorrizas, pode promover a ciclagem de nutrientes e melhorar a absorção de nutrientes pelas plantas.

Gestão da irrigação: Práticas de irrigação adequadas, como o uso de sistemas de irrigação por gotejamento ou irrigação localizada, podem minimizar a compactação do solo e promover um ambiente mais favorável para a vida do solo.

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Conclusão

A compreensão da biologia do solo e sua importância para a agricultura é essencial para garantir a sustentabilidade e a produtividade dos sistemas agrícolas. O solo é um ecossistema vivo, onde uma miríade de organismos interagem de maneira complexa para fornecer nutrientes, promover a saúde das plantas e regular os ciclos biogeoquímicos fundamentais para a vida na Terra.

Ao reconhecermos o solo como um recurso precioso e dinâmico, podemos implementar práticas de manejo e estratégias que promovam a sua saúde e fertilidade a longo prazo. Desde a conservação da cobertura vegetal até a utilização de adubos orgânicos e a promoção da biodiversidade microbiana, cada ação tomada em prol da biologia do solo reverbera positivamente na qualidade dos alimentos produzidos, na conservação dos recursos naturais e na resiliência dos sistemas agrícolas frente aos desafios ambientais e climáticos.

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