Bioinsumos na agricultura: Classificações e usos.
- 06/05/2024
Os bioinsumos surgem como uma alternativa promissora, oferecendo soluções sustentáveis e eficazes para os desafios enfrentados pela agricultura.
Diferentemente dos métodos convencionais, que frequentemente envolvem o uso de produtos químicos sintéticos, o controle biológico utiliza organismos vivos para controlar populações de pragas de forma natural e sustentável.
O termo bioinsumo, pela etimologia da palavra, pode ser “insumo de origem biológica”. No entanto, não existe um conceito amplamente utilizado na literatura que compreenda a complexidade e todo o escopo que envolve a demanda de usos destes insumos para o sistema produtivo. No Brasil, o termo bioinsumo é usado como sinônimo de produto biológico, bioproduto, produto de base biológica ou ainda como exemplos de produtos, tais como: bioinseticidas, biofertilizantes, bioinoculantes e outros.
Os bioinsumos são insumos agrícolas desenvolvidos a partir de um ingrediente ativo que seja natural, considerado ativo biológico (ABBEY et al., 2019). Esses ativos geralmente têm baixa toxicidade e agem com o intuito de eliminar a praga alvo sem agredir o meio ambiente, promovendo a manutenção de insetos benéficos na lavoura e reduzindo a dependência de aplicações constantes de outros produtos de origem química (BRASIL, 2020).
Principais tipos de bioinsumos
Os bioinsumos podem ser divididos em cinco grandes grupos. São eles:
Agentes biológicos de controle: organismos vivos utilizados para controlar pragas de maneira natural
Bioestimulantes: substâncias naturais que, quando aplicadas em sementes, solo ou plantas, podem impulsionar a germinação e o desempenho do crescimento das plantas.
Os bioestimulantes contém substâncias naturais com diferentes composições, concentrações e proporções, podendo ser aplicados diretamente nas plantas, nas sementes e no solo, com a finalidade de incrementar a produção, melhorar a qualidade de sementes, estimular o desenvolvimento radicular, favorecer o equilíbrio hormonal da planta e a germinação mais rápida e uniforme, interferir no desenvolvimento vegetal, estimular a divisão, a diferenciação e o alongamento celular (BRASIL, 2020).
Biofertilizantes: são compostos por substâncias animais, vegetais ou microbióticas que impulsionam a produtividade no campo e a qualidade da lavoura.
Os biofertilizantes são produzidos a partir de uma ou mais linhagens de microrganismos benéficos que, quando aplicados no solo ou nas sementes, promovem o crescimento da planta ou favorecem o uso de nutrientes em associação com a planta ou sua rizosfera (ALTIER et al., 2012, SARITHA, TOLLAMADUGU, 2019).
Condicionadores de ambientes: são produtos que melhoram a atividade microbiológica no solo e ambientes relacionados à produção de alimentos.
Inoculantes biológicos: são microrganismos utilizados para impulsionar a fixação biológica de nitrogênio e outros elementos que são positivos para o desenvolvimento das plantas.
Defensivos biológicos
Em função do alvo, os produtos são categorizados como bioinseticidas, biofungicidas, bioacaricidas, bionematicidas, feromônios, aleloquímicos e reguladores de crescimento.
Entre os defensivos biológicos encontram-se os agentes de controle biológico, que são organismos (micro e macro) benéficos para a lavoura e que fazem parte de um grande número de produtos fitossanitários. Os microrganismos são estudados e incorporados a formulações – bioinseticida, biofungicida, bioherbicida, bionematicida, bioacaricida –, permitindo recomendações de uso de acordo com cada cultura, em função das pragas e doenças que as afetam (DUNHAMTRIMMER, 2018; CROPLIFE, 2020; BRASIL, 2020).
O modo de ação dos defensivos biológicos varia de acordo com os agentes biológicos utilizados como ingredientes ativos e pode ser agrupado em relação ao comportamento do organismo: predador, parasitoide, entomopatogênico, competição por espaço e nutrientes, etc (ABBEY et al., 2019).
Benefícios
Os bioinsumos mais comumente usados são organismos vivos, patogênicos para a praga de interesse. O crescente interesse no uso de bioinsumos pode estar relacionado aos benefícios associados:
- i) benefício ecológico; eles são menos tóxicos e prejudiciais do que os pesticidas convencionais, reduzindo assim a exposição dos consumidores aos pesticidas regulamentados;
- ii) especificidade de alvo; projetado para afetar apenas a praga alvo e organismos intimamente relacionados, em contraste com os pesticidas convencionais que podem afetar outros organismos diferentes, como pássaros, insetos e mamíferos;
iii) ambientalmente benéfico; muitas vezes são eficazes em pequenas quantidades, decompõem-se rapidamente, resultando em menor exposição e efeitos adversos limitados no meio ambiente, flora e fauna e evitando problemas de poluição e;
- iv) adequação; reduz muito o uso de pesticidas convencionais quando usados como um componente de programas de manejo e controle de pragas, enquanto os rendimentos das colheitas permanecem altos (ABBEY et al., 2019)
Tipos de controle biológico
Do ponto de vista agrícola, podemos enfocar o controle biológico de duas formas: o
controle biológico natural e o controle biológico aplicado.
Controle biológico natural
O conceito de “equilíbrio da natureza” refere-se à tendência natural das populações de plantas e animais de não crescerem indefinidamente nem diminuírem até a extinção, devido aos processos reguladores presentes em ambientes não perturbados, como os inimigos naturais.
Controle biológico aplicado
O controle biológico aplicado representa a intervenção humana para promover e ampliar as interações antagônicas entre os organismos na natureza. Esse método de controle pode ser classificado em três categorias: clássico, conservação e aumentativo.
Tipos de agentes de controle biológico
Os agentes de Controle Biológico, também conhecidos como inimigos naturais, abrangem predadores, parasitoides e patógenos, como mencionado anteriormente. Os predadores e parasitoides são referidos como entomófagos, enquanto os patógenos são chamados de entomopatógenos.
Conclusão
Em síntese, o controle biológico emerge como uma alternativa promissora e sustentável na gestão de pragas e doenças, oferecendo uma abordagem equilibrada que minimiza os impactos ambientais e os riscos para a saúde humana. Ao utilizar agentes naturais, como predadores, parasitas e patógenos específicos, este método preserva a biodiversidade, reduz a dependência de pesticidas sintéticos e promove sistemas agrícolas mais resilientes e sustentáveis a longo prazo. No entanto, é crucial avançar em pesquisa, educação e adoção prática para otimizar sua eficácia e integração efetiva nos sistemas de produção agrícola, visando assim promover a coexistência harmoniosa entre a atividade humana e os ecossistemas naturais.