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Classificação dos herbicidas: modo e mecanismo de ação

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  • 30/09/2024

A presença de plantas daninhas em culturas agrícolas pode impactar diretamente a produtividade, devido à competição por nutrientes essenciais, luz, água e espaço. Por isso, o controle dessas plantas é fundamental para evitar prejuízos na produção. O manejo integrado de plantas daninhas envolve a adoção de diversas estratégias para prevenir e controlar essas espécies, incluindo métodos preventivos, culturais, mecânicos e químicos.

O controle químico, amplamente utilizado, refere-se à aplicação de herbicidas que atuam nos processos bioquímicos e fisiológicos das plantas, resultando na morte ou no retardamento de seu crescimento e desenvolvimento.

Os herbicidas podem ser classificados de várias maneiras, sendo as principais classificações baseadas em critérios como seletividade, translocação na planta, época de aplicação, estrutura química e mecanismo de ação.

Modo de ação X mecanismo de ação

O conjunto de processos bioquímicos e fisiológicos envolvidos na ação do herbicida na planta abrange desde a absorção e translocação do produto até sua atuação metabólica. A sequência dessas ações, desde o contato inicial do herbicida com a planta até seu efeito final, é conhecida como modo de ação. Isso inclui a penetração do produto pela folha, a passagem pela cutícula, sua movimentação e entrada nas células, até alcançar o sítio de ação, que geralmente é uma enzima.

Já o mecanismo de ação refere-se ao ponto específico do metabolismo da planta onde o herbicida atua, o sítio de ação. A partir daí, uma série de eventos metabólicos específicos é desencadeada, interferindo ou inibindo processos bioquímicos da planta, resultando em alterações no seu crescimento e desenvolvimento, podendo levar à sua morte.

O mecanismo de ação refere-se ao primeiro evento bioquímico ou biofísico dentro da célula que é interrompido pela ação do herbicida. Esse evento inicial pode ser suficiente para eliminar espécies sensíveis, mas, geralmente, são necessários vários outros processos para que a planta seja totalmente destruída. O conjunto desses processos é conhecido como modo de ação. Os herbicidas, em sua maioria, inibem a atividade de uma enzima ou proteína celular, o que desencadeia uma série de reações que acabam por matar ou impedir o desenvolvimento da célula e do organismo (VIDAL, 1997). Assim, o modo de ação é o resultado final observado na planta após a aplicação do herbicida. Herbicidas com o mesmo mecanismo de ação tendem a apresentar padrões semelhantes de translocação e causam sintomas de injúria similares (ROSS E CHILDS, 1996), permitindo sua classificação dentro de uma mesma família.

Classificação dos herbicidas

Classificação dos herbicidas quanto à forma de aplicação

Com relação à forma de aplicação e ao mecanismo de ação, os herbicidas podem ser classificados em: 

  1. Aplicados ao solo – se movem das raízes para as folhas (translocados via xilema). 
  2. Aplicados às folhas (contato) – reagem rapidamente no ponto de contato e não se movem nos sistemas internos das plantas (não translocados). 

III. Aplicados às folhas (sistêmicos) – movimentam-se das folhas para os pontos de crescimento das plantas (translocados via floema).

Classificação segundo a seletividade

O conhecimento a respeito da seletividade de um herbicida é um pré-requisito básico para seu uso ou recomendação, uma vez que revela quais as plantas que ele afeta e quais são menos sensíveis ao produto. 

Herbicidas seletivos: matam ou restringem severamente o crescimento de plantas daninhas na cultura, sem prejudicar as espécies de interesse.

Herbicidas não seletivos: são aqueles de amplo espectro de ação, capazes de matar ou injuriar severamente todas as plantas, quando aplicados nas doses recomendadas.  

Classificação segundo a translocação

Herbicidas com ação de contato: Não se translocam ou se translocam de forma muito limitada. Só causam danos nas partes que entram em contato direto com os tecidos das plantas, necessitando, portanto, de uma boa cobertura por ocasião da aplicação.

Herbicidas de ação sistêmica: Normalmente são caracterizados pelo efeito mais demorado, crônico. A translocação pode ocorrer pelo xilema, pelo floema, ou através de ambos, dependendo do herbicida e da época de aplicação

Classificação quanto à época de aplicação

Praticamente todos os herbicidas devem ser aplicados em um momento em particular para que o controle e a seletividade sejam maximizados.

Herbicidas aplicados em pré-plantio incorporado (PPI): Refere-se aos produtos que são aplicados ao solo e que posteriormente precisam de incorporação mecânica ou através de irrigação.

Herbicidas aplicados em pré-emergência (PRÉ): A aplicação é feita após a semeadura ou plantio, mas antes da emergência da cultura, das plantas daninhas ou de ambas. 

Herbicidas aplicados em pós-emergência (PÓS): Em aplicações em pós-emergência, o produto deve ser absorvido em maior parte via foliar, além da cultura normalmente necessitar ter uma boa tolerância à exposição direta ao produto

Mecanismo de ação

Aplicação / movimentação nas plantas Mecanismo de ação Plantas controladas
I – Solo Pigmentos Gramíneas e dicotiledôneas
Crescimento da parte aérea Gramíneas e ciperáceas
Parte aérea e raízes Gramíneas e ciperáceas
Tubulina Principalmente gramíneas
FSII, sítios A e B Principalmente dicotiledôneas
II – Aplicados nas folhas – contato FSII, sítio C Principalmente dicotiledôneas
Degradação de membrana (protox) Principalmente dicotiledôneas
Degradação de membrana (FSI) Gramíneas e dicotiledôneas
Metabolismo do nitrogênio Gramíneas e dicotiledôneas
Aplicados nas folhas – sistêmicos Regulador de crescimento Principalmente dicotiledôneas
Síntese de aminoácidos aromáticos Gramíneas e dicotiledôneas
Síntese de aminoácidos de cadeia ramificada Gramíneas, dicotiledôneas e ciperáceas
Síntese de lipídeos Gramíneas

Fonte: Vidal (1997, 2002).

Referências

DURIGAN, J.C. Controle químico das plantas daninhas. Jaboticabal: FUNEPUNESP, 1990. 9 p. 

OLIVEIRA JUNIOR, R. S.; CONSTANTIN, J. Plantas daninhas e seu manejo. Guaíba: Agropecuária, 2001. 362 p. 

RODRIGUES, B.N.; ALMEIDA, F.S. Guia de Herbicidas, 4a edição. Londrina, PR, 1998. 647 p. 

PETERSON, D. E.; THOMPSON, C. R.; REGEHR, D. L.; AL-KHATIB, K. Herbicide mode of action. Topeka: Kansas State University, 2001. 24 p.

VIDAL, R. A. Ação dos herbicidas. Volume 1: Absorção, translocação e metabolização. Porto Alegre, 2002. 89 p.

VIDAL, R. A. Herbicidas: mecanismos de ação e resistência de plantas. Porto Alegre, 1997. 165 p

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